Mostrando postagens com marcador arte contemporânea. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador arte contemporânea. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tea for Ten...


Photobucket
Capela do Morumbi

A cidade de São Paulo não cessa de me surpreender...desta vez foram as "descobertas" que fiz a respeito do bairro do Morumbi. Já conhecia a Casa "Maria Luiza e Oscar Americano" e o Palácio dos Bandeirantes (fui lá quando estava no colégio com minha classe não me lembro para qual cerimônia), mas soube que eles fazem visitas monitoradas e que havia uma exposição sobre o modernismo, então fomos até lá para conferir.

Photobucket

Parede de taipa de pilão sobre a qual esta a capela

Depois da visita resolvemos descer a pé a Avenida Morumbi e foi aí que conhecemos a história do bairrro...pois paramos na Capela do Morumbi onde encontramos alguns jovens monitores que nos explicaram em detalhe que :

  • na verdade, a capela atual talvez não tenha sido originalmente uma capela. Eles supuseram que assim fosse pois encontraram escritos dos antigos proprietários narrando a intenção de construir no local uma igreja pois para ir à missa na Praça da Sé era necessário um dia de viagem...

Photobucket

Detalhe do afresco representando o batismo de Cristo (Lúcia Suanê)
  • ...pois o Morumbi era uma fazenda, cujas terras foram doadas por D. João VI ao inglês John Rudge, para que nelas fosse plantado chá (preto, pois no Brasil na época só havia o chá mate)..com o tempo, a fazenda foi desmembrada e deu origem ao atual bairro.

Photobucket

Detalhe do afresco representando o batismo de Cristo (Lúcia Suanê)
  • que a restauração da capela foi realizada pelo arquiteto de origem russa Gregori Warchavchik nos anos 40 do século XX, que conservou as antigas fundações de taipa de pilão mas continuou a construção com alvenaria, sendo que o caráter sacro foi assegurado pela artista Lucia Suanê que pintou um afresco com o batismo de Cristo no qual os anjos são índios.

Photobucket

Instalação "Lux" (Laura Vinci)
  • na capela atualmente ocorrem exposições de arte contemporânea, quando lá passamos havia uma instalação da artista contemporânea Laura Vinci.

(continua no próximo post)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Refazendo Arte...

Photobucket

Tom Wesselmann - Great American Nude #52

Não entendo muito da arte do século XX, mas a acho fascinante, variada, ela revolucionou sua própria buscando caminhos nunca antes trilhados. Porisso me interessei pela exposição que está ocorrendo em Paris intitulada "De Miró a Wharlol, a coleção Berardo em Paris".

Photobucket

Balthus - Retrato de Mulher em Vestido Azul

José Berardo é um empresário português, autodidata, que fez fortuna na África e constituíu uma coleção de mais de 800 obras de artistas variados modernos e contemporâneos, e as colocou à disposição do público em Lisboa no Museu de Belém (entre a torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos, imaginem que beleza). A exposição que está ocorrendo no Museu de Luxemburgo em Paris faz parte do acervo de José Berardo, e dá um passeio pela arte do século XX, mostrando seus confrontos e paralelos num leque que passa pelo surrealismo (Mirô, Dali, Ernst, Breton...), o abstracionismo (Mondrian, Tanguy, Arp...), o novo realismo, a pop-art, além das pesquisas plásticas do pós-guerra até 1960, num total de 74 obras.

Photobucket

Max Ernst - Coquilles-fleurs

A exposição começa com os "confrontos" que trazem por exemplo uma paisagem pintada por Nicolas de Stael e outra por Amadeu de Souza Cardoso (aliás muito elogiado), uma cabeça de Picasso e outra de Polock; um nu de Gruber e outro de Leroy...

Photobucket

René Magritte - O Homem da Vela

Na segunda sala se encontram os surrealistas : Miró (O Homem da Vela), Max Ernst (Paisagem Negra), René Magritte (O Abismo Prateado), Giorgio de Chirico (La Cohorte invincible), Victor Brauner (O Cavaleiro de Gelo), Hans Bellmer (La Toupie), Wilfredo Lam (Lunguanda Yembe), Jean Arp e outros. Num conjunto chamado "cabinet das curiosidades" encontravam-se obras insólitas como o "Telefone afrodisíaco branco" de Salvador Dali, por exemplo.

Photobucket

Piet Mondrian - Composição em amarelo, preto, azul, vermelho e cinza

Na terceira parte da exposição foram reunidas as obras do abstracionismo geométrico, com o famoso (Composição em amarelo, preto, azul, vermelho e cinza, 1923) de Piet Mondrian ao lado de seu discípulo Jean Gorin (Composição n°28, 1930). E também nomes como Amédée Ozenfant, Robert Delaunay, Jean Helion, Ben Nicholson, Marcelle Cahn, ainsi que des representantes de movimentos como « Círculo e Quadrado », o grupo « Arte concreta » ou a associação « Abstracionismo-Criação ».
Continuando a exposição, vinha a pop-art e o novo realismo francês, com nomes como Yves Klein, Andy Warhol, Tom Wesselmann, ...este último com a tela , que é o affiche de chamada da exposição.

Photobucket

Frank Stella - Hagamatana II

Na última parte se vê uma visão geral de artistas do pós-guerra como a portuguesa Maria Helena Vieira Santos, Soulages, Joseph Albers, Riopelle, Stella, Joan Mitchell...
Os grandes ausentes, segundo os "entendidos"? Kandinsky, Chagall, Klee e os cubistas...apesar disto eu achei a exposição ótima, aprendi muito e ela me permitiu de organizar um pouco na minha mente a arte do século XX. Mas sem mais delongas, eu os deixo observar o diaporama (não hesite em clicar sobre botão com as duas barrinhas paralelas para parar o diaporama e ler o texto ou para fazê-lo continuar).


Leia mais :

Museu do Luxemburgo (Paris)

Entrevista com o curador da exposição





Alto da Página

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Fractal Verde e Amarelo


Photobucket

Carnaval no Rio - Gilberto Santa Rosa

As ilustrações deste post representam todas estruturas fractais. Elas são belas e harmoniosas, no entanto se originam do caos e se caracterizam por possuir sempre a mesma estrutura, seja se consideradas como um todo, seja se examinadas em cada uma de suas partes, sejam elas grandes ou minúsculas. Muitos domínios da natureza podem ser modelizados pelos fractais : a dimensão do litoral de um país, por exemplo, ou vegetais como a alface e o interior da beterraba como no diaporama abaixo, a geada sobre as plantas, mesmo partes da anatomia humana... E também ocorrências econômicas e culturais, entre outras.

Photobucket

Alface Fractal - Gilberto Santa Rosa

E o que tem o Brasil a ver com isto? A meu ver muito, pois o considero um país fractal! Porque? Em primeiro lugar, no quesito beleza, acho que ele é aprovado sem problemas, né? No quesito "caos", não se pode negar que em muitos setores seu desenvolvimento foi (ou ainda é?) caótico, então, por enquanto, 2 a 0! E passemos então ao terceiro quesito, a estrutura.

Photobucket

Geada - Ebone

Considerando aqui de longe o Brasil como um todo, o que sabemos? Ele é um país multiracial, multicultural, nele são praticadas uma variedade de religiões, além da enorme diferença econômica que apresentam seus habitantes. Descendo à escala de um estado, será que esse quadro se mantem? Claro que sim, cada um tem toda uma gama de culturas, religiões, raças e classes sociais diferentes. Numa cidade ocorre o mesmo, passeando em suas ruas vemos desfilar todas as cores, todas as classes sociais...E num bairro, então? Quantos condomínios de luxo não se encontram frente a frente com as favelas, por exemplo? E mesmo no interior das casas, podemos encontrar pessoas duma mesma família com credos religiosos diferentes. E até no sangue de cada um, se encontra esta mistura, pois a mestiçagem brasileira data de séculos...

Photobucket

Lucik - Doktor J

Isto acontece no mundo todo? Não! Este tipo de cultura não pode ser assimilada ao "melting point " americano ou à "saladeira" européia (comunidades que vivem lado a lado sem misturar suas culturas e religiões). Ela é particular, ela é fractal, pois "uma cultura fractal é aquela que contem no seu âmago as sementes de sua própria construção". E respeitado este terceiro quesito, podemos dizer que o Brasil é um belo e imenso fractal...meu magnífico fractal verde e amarelo!


Este post faz parte da Tertúlia Virtual organizada pelo Varal de Idéias e pelo Expresso da Linha.

Queridos amigos, quando vocês estiverem lendo estas mal traçadas linhas já estarei com o pé na estrada para as minhas férias anuais, porisso não estranhem se não estiver presente nas caixas de comentários nas próximas semanas. Mas o Jardin sob os cuidados do piloto automático estará aberto até o final de dezembro. Não percam o próximo post com um panorama sobre os artistas do século XX, e também as mensagens de Natal e de Ano Novo, além de uma volta ao mundo seguindo os passos de Júlio Verne. Por enquanto deixo meus votos de Boas Festas com um grande abraço e digo "Até a volta!"


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Performances...


Não entendo nada de R&B, nem de hip hop, nem de rap, mas isto não me impede de apreciar as danças e acrobacias que os jovens fazem na rua ao ritmo deles. E em relação a isto, as grandes cidades são bem servidas. Quando vou a Paris sempre me delicio pois em cada praça existe um grupo de "performers" de rua. Na última vez que fui lá, fiquei um bom tempo apreciando um grupo que se apresentava na esplanada do Trocadéro, diante da Torre Eiffel.

E não sou fã apenas do dançarinos acrobatas. Todos estes artistas Photobucketem geral amadores que saem às ruas para realizar seus números em contato direto com o público me encantam. Aqui em Nancy, de vez em quando tem pessoas que lêem contos nos ônibus. Quando isto acontece, me invento desculpas Photobucketpara pegar o ônibus e fico torcendo para que ele entre naquele.

No metrô de Paris também sempre tem alguém "performing". Algumas vezes passei direto na minha estação porque o espetáculo estava muito bom, como quando assisti um teatrinho de marionetes...ou como na minha mais recente ida até lá, que havia um saxofonista que tocava maravilhosamente "à la Armstrong" (pena que ele desceu antes de mim)...

E as estátuas humanas, então? Recentemente vi uma linda em Estrasburgo, toda prateada, inclusive o rosto...parada ali diante daquelas Photobucketvitrinas de sonho, parecia que fazia parte delas. Em Montmartre, uma vez fiquei impressionada, pois em pleno inverno, o rapaz simplesmente com uma malha sobre o corpo ficava imóvel, e cada um que passava podia fazê-lo mudar de posição. Ficou horas ali, fiquei até com pena. E na noite do patrimônio do ano passado aqui em Nancy, houve um espetáculo fascinante com um grupo montado sobre "permas de pau", vestidos com roupas cheias de luzes, um verdadeiro encanto. E nem vou falar nos realejos...

Muitos artistas renomados começaram assim, cantando nas ruas ou no metrô, como Edith Piaf, Keziah Jones. Afinal, a faísca que leva à celebridade é tênue, não depende só do talento e uma flor pode nascer no meio do asfalto, não é mesmo?


Photobucket





Fonte das fotos do diaporama :


A maioria das fotos são de Edouard Lagabrielle na exposição "Urban Movies" que ocorreu em Paris em outubro último.

Alto da Página

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Caldeirão do Druida

Photobucket


Photobucket

Imaginem um ovo feito com mangas e iogurte. Ou um chantilly de foie gras ou de chocolate...um marshmellow de parmesão ou ainda um tagliatelle de iogurte como na foto abaixo. Tudo apresentado em formas fumegantes geladas ou espumas coloridas. Pois isto é a cozinha molecular, que alia a ciência à arte a serviço do paladar...

Photobucket

Ela foi criada por Hervé This (foto abaixo), um cientista francês que percebeu que embora se conheça a temperatura no interior de uma estrela longínqua não se conhece o que se passa no interior de um ovo que está sendo frito. Então dedicou-se ao estudo das receitas e truques culinários (como, por exemplo, porque as panelas de cobre favorecem o "ponto" das geléias), que passam de geração em geração sem que ninguém tenha se preocupado em saber porque funcionam assim, com os instrumentos da química e da física atuais . E nasceu assim, a gastronomia molecular que deu origem à cozinha molecular, cujo representante mais conhecido é o catalão Ferran Adrià. Para se sentar numa mesa no seu restaurante "El Bulli" é necessário reservar com anos de antecedência.

Photobucket

E como funciona? Na verdade os ingredientes de base são os produtos naturais, mas às caçarolas, frigideiras e caldeirões são adicionadas as provetas, seringas e outros apetrechos dum laboratório de química, além da utilização de técnicas e produtos tais como o azoto líquido na preparação dos pratos...Pode-se então fazer um caviar de maracujá, uva ou manga, que fica semi-sólido, quando se corta não sai nenhum líquido, por exemplo.

Photobucket

Mas como? Vejam por exemplo a receita abaixo, para preparar "Pérolas de Cenoura". Claro que este é um exemplo simples, existem outras preparações bem mais espetaculares, como as espumas de várias cores e sabores.

PÉROLAS DE CENOURA
(combinam com salada verde)

Photobucket INGREDIENTES

700 gramas de cenoura
24 gramas de gelatina
500 ml de óleo de girassol

MODO DE PREPARO

Lave e descasque as cenouras. Passe por um liquidificador ou centriíuga para extrair o suco. O rendimento aproximado é de 500 ml. Junte a gelatina com o suco de cenoura. Ferva mexendo sempre. Quando levantar a fervura, desligue o fogo. Enquanto a mistura esfria, coloque o óleo numa tigela. Coloque o suco ainda morno em uma seringa. Em conta gotas, pingue o suco no óleo. Em dois minutos as perolas estão formadas. Retire cuidadosamente com uma colher, passe por água morna e sirva. As pérolas ficam saborosas até 24 horas depois, se conservadas em geladeira (fonte aqui)

Photobucket

Se a moda da cozinha molecular pegou aqui na França? Dizem que a venda dos kits com os apetrechos que permitem de realizar os pratos em casa está aumentando a cada dia e pode-se encontrar muitos restaurantes que oferecem em seus cardápios pratos da "cozinha molecular". Mas os grandes "chefs" hesitam em aderir, dizendo que seus clientes desconfiam deste tipo de cozinha e desejam ter "algo de sólido entre os dentes"...Sem dúvida, o mais importante é o sabor dos pratos. Os que tiveram a oportunidade de degustar os pratos no "El Bulli" de Adrià (vídeo abaixo) saem dizendo "que eles são interessantes e surpreendentes". Será que o inusitado da apresentação eclipsa o sabor? Você já experimentou ou experimentaria?




Update 19/11/2008

A querida Lunna, a quem agradecemos, teve a oportunidade de conhecer um restaurante que faz a cozinha molecular em São Paulo e teve a gentileza de nos enviar as seguintes informações :

"...o nome do restaurante e D.O.M - o chef de lá é o Alex Atala. Ele é um excelente chefe e o restaurante dele possui equipamentos como o termo-circulador – que controla a temperatura da água – e também utiliza nitrogênio líquido para os sorvetes e segundo dizem por enquanto é o único a praticar a gastronomia molecular.

Segue o link do restaurante: http://www.domrestaurante.com.br/flash.html"



Photobucket



Alto da Página

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Arte x Crise


Photobucket


Sei que aí no Brasil vocês estão em tempo de arte contemporânea com a Bienal de São Paulo e outras manifestações. Em Paris também, pois na semana passada aconteceu a FIAC 2008, a feira de arte moderna, contemporânea, criação emergente e design, com exposições no Jeu du Paume, no Jardin des Tuileries, no Grand Palais e no Louvre, da qual mostro algumas das obras no diaporama acima.

Não fui vê-la, mas segui com atenção seu desenrolar pela imprensa, pois é a primeira grande feira de arte que ocorreu depois da crise. Segundo os expositores, o balanço foi "globalmente satisfatório", a média do número de visitantes não diminuíu e as obras mais acessíveis não foram prejudicadas nem no preço nem no volume de vendas em relação aos anos anteriores. As que sofreram o efeito da crise nestes ítens foram as obras com preços superiores a 20000 euros.

Não trabalho com arte, mas fiquei aliviada, pois enquanto os artistas puderem viver de sua arte e os museus e galerias a exporem, poderemos apreciar a visão do mundo interpretada pelo talento humano em suas diferentes manifestações. E na atribulação do mundo moderno, isto também é importante, não é mesmo?

Photobucket


Para saber mais sobre este evento :

Site oficial da FIAC 2008
Fotos no Flickr sobre algumas das obras expostas
Artigo sobre o desenrolar da feira (em francês)


A música de fundo é do grupo
Williams Fairey Band, que se apresentou no dia do encerramento do evento na Cour Napoléon do Louvre.




Alto da Página

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Brincando com a luz...



Uma de minhas grandes paixões é a transparência...e quando ela brinca de esconde-esconde com as luzes, as cores e a natureza, como nestas esculturas de cristal dispersadas no meio de um parque, sua beleza explode em mil brilhos e sugestões. Elas foram criados pelos artistas de Daum, Lalique, St-Lambert e St-Louis, para o jardim de cristal que já descrevi aqui...só que desta vez ele está instalado no Jardin de la Bagatelle (até 9 de novembro), perto de Paris.Não vou falar muito, só vou deixá-los apreciar...

Este post é minha contribuição para o "Post in Progress" cujo tema é "Minha Grande Paixão". PARTICIPE!

Veja também o vídeo da exposição




sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Camille Claudel, Estatuária



Camille Claudel, desde que vi sua exposição no mês de julho em Paris, tive vontade de escrever sobre ela. Sua história é surpreendente, vendo de perto suas obras fiquei pensando como ela pode ter sido negligenciada durante quase um século.


Photobucket

Sim, porque ela ficou no ostracismo até os anos 80. Segundo sua sobrinha-neta, que ajudou a reabilitar sua memória, seu nome foi banido no mesmo no seio de sua família, que a internou em um asilo de loucos e a isolou do mundo durante os 30 últimos anos de sua vida.

Photobucket

E sua obra, como pôde ter sido ignorada? Em primeiro lugar, ela foi eclipsada pela fama de seu grande mestre e amante Auguste Rodin. Imaginem que diziam de suas obras que eram realizadas por ele e ela só começou a ser reconhecida depois de sua separação. Ela foi recebeu a sombra do talento do irmão, Paul Claudel, grande escritor da literatura francesa. E por ironia, sua obra foi também ofuscada pelo seu próprio destino : desde que começaram a sair livros sobre sua vida na década de 1980, assim como o filme protagonizado por Isabelle Adjani, sua vida trágica ficou sendo mais conhecida que sua obra.

Photobucket

Esta exposição de Paris e as outras que tem percorrido a França tentam corrigir esta lacuna. Embora possa se dar uma interpretação autobiográfica a algumas de suas obras, como "A Idade Madura", onde se vê uma mulher velha arrancando um homem à uma jovem ajoelhada que estende os braços como se estivesse implorando( a leitura dada desta obra é que ela representa a mulher de Rodin que o arranca aos braços de Camille), pode-se também apreciar nelas o movimento, a forte expressão de cada gesto e de cada rosto e as curvas vertiginosas lembrando a "art nouveau" da Belle Epoque, período no qual ela viveu durante o exercício de sua arte.

Photobucket

E como curiosidade, o fundo musical com "O Mar" de Debussy lembra que Camille viveu um romance com este músico, mas o abandonou, pois seu grande amor era mesmo Rodin...um amor que a destruíu!


Para saber mais sobre Camille Claudel :

Site de sua sobrinha-neta Reine-Marie Paris
Associação Camille Claudel

Alto da Página

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Parisiando...

Photobucket

Ah, Paris, como ela é bela e quanta coisa bonita tem para se ver. Com a correria do dia-a-dia, vou lá raramente, mas na semana passada, apesar de não dispor de muito tempo, aproveitando a promoção de aniversário do TGV Leste (trem bala), me ofereci um passeio em Paris. "Sem lenço, sem documento", mas com um itinerário bem definido, os tickets de metrô já comprados em Nancy e as entradas das exposições reservadas e pagas pela Internet, enfim tudo otimizado para aproveitar o tempo disponível, lá fui eu. Trem no horário, não era dia de greve no metrô, tudo certo, chegando lá era só curtir...

Photobucket11:58 h Já no metrô começou o espetáculo. Chegou um rapaz tocando saxofone, fiquei observando o comportamento das pessoas. Todas impassíveis, mergulhados em suas leituras, não lançavam nem um olharzinho para o artista que no entanto tocava super-bem. Bom, ele acabou seu número, tirou do bolso um copinho e deu a volta no vagão para receber a recompensa. Fiquei pasma, todo aquele pessoal que parecia completamente indiferente tirava do bolso algumas moedas e colocava no copinho do rapaz. Pude então constatar o valor que o parisiense atribui à arte, mesmo que seja um artista clandestino tocando no metrô...

Photobucket12:30 h Visitei primeiro a exposição dos "Os Soldados da Eternidade" na Pinacoteca de Paris na Praça de la Madeleine. A exposição era soberba, a pinacoteca nem tanto, francamente não chega aos pés da Pinacoteca de São Paulo. Mas falarei da exposição depois, pois os "Os Soldados da Eternidade" estão na "Rota da Seda".

Photobucket13:50 h Daí me dirigi ao Museu Rodin para ver a exposição de Camille Claudel. Ela estava nos seus últimos dias, a fila dava a volta no quarteirão. Mas eu, como já tinha comprado e pago pela Internet, pude entrar diretamente no museu, sem pegar a fila. Mas estava fácil demais... a mocinha da porta da exposição disse que aquele ticket era apenas para o museu e não para a exposição e chamou o chefe, um monsieur nada amável. Perguntei se a entrada para a exposição era mais cara, que eu pagaria a diferença. Ele me disse "Não, é mesmo mais barata". Então me lembrei de um conselho que me deram : em todos os lugares do mundo você resolve as coisas com calma e educação...menos em Paris. Lá, você tem que "rodar a baiana", e aí, mesmo se você estiver errada, eles te escutam. E foi o que fiz, comecei a falar alto e criticar o site Web deles, que vende "gato por lebre". Funcionou, rapidamente ele me deixou entrar e ainda abriu um largo sorriso. Valeu a pena, todas aquelas esculturas maravilhosas, expressivas, claro que conhecendo o destino trágico de Camille Claudel interpretamos seu trabalho com outros olhos. Foi muito emocionante.

Photobucket15:10 h Bom, continuei meu périplo, direção "o Trocadero", na Cidade da Arquitetura no Palácio Chaillot. O prédio é magnífico, alto, neles aquelas colunas e portais imensos representando a arquitetura francesa ficam pequinininhos...tudo é amplo, com uma harmonia perfeita de estilos antigos e contemporâneos. A exposição temporária do momento é muito moderna e interessante, com vários recursos multimídia. Caminhando em direção à sua entrada havia mesmo algumas miniaturas de poltronas do museu Vitra, uma belezinha (lembrei da que o visitou em Genebra). Mas o melhor estava por vir : resolvi dar uma paradinha e tomar um copo de vinho, ali mesmo na Cidade da Arquitetura. Comprei-o e me dirigi ao terraço do café para me sentar e tomá-lo. Quando atravesso a porta, surpresa! Um terraço imenso, com poltronas com um design contemporâneo magnífico, uma cerca de plantas e belas estátuas de bronze separando o espaço do café do público que visitava o Trocadero. E ali, bem diante dos meus olhos ...toda a esplanada com a torre Eiffel no centro, era como assistir a um espetáculo de camarote. Que delícia de momento, saboreei cada gole daquele copo de vinho...

16:05 h Depois ainda fiquei um pouco ali no Trocadero, assistindo alguns jovens que faziam um ballet acrobático, e peguei o metrô para a Gare de L'Est. Mas como era bem na estação onde tinha que fazer minha baldeação, entrei nas Galeries Lafayette, que estavam em plena liquidação. Gente, que tentação, mas não tinha muito tempo, tinha que ir rapidinho para a gare...

17:12 h ...para pegar meu trem de volta para Nancy. Onde ele chegou com 1 minuto de atraso, é possível? Pois é, este foi "a (good) day in the life"...


Alto da Página

terça-feira, 8 de julho de 2008

Declinações




Muitos milênios depois que a princesa deixou cair o casulo na sua xícara, puxou o fio delicado e descobriu a seda, ela ainda continua a ser um material apreciado no mundo inteiro por sua suavidade, textura e transparência. Pura ou combinada com outros materiais, bordada ou pintada, ela sempre estimulou a criatividade. Vejam o que os artistas da alta costura fizeram utilizando a seda nestes desfiles das coleções outono-inverno 2008-2009 em Paris. Pelo prazer dos olhos...


E a delicadeza da seda não inspirou somente os artistas da alta costura, mas também os artistas das palavras, como neste poema de João Cabral de Melo Neto. Pelo prazer da alma...



A PALAVRA SEDA


A atmosfera que te envolve
atinge tais atmosferas
que transforma muitas coisas que te concernem, ou cercam.

E como as coisas,
palavras impossíveis de poema:
exemplo, a palavra ouro,
e até este poema, seda.

É certo que tua pessoa
não faz dormir, mas desperta;
nem é sedante, palavra
derivada da de seda.

E é certo que a superfície
de tua pessoa externa,
de tua pele e de tudo
isso que em ti se tateia,

nada tem da superfície
luxuosa, falsa, acadêmica,
de uma superfície quando
se diz que ela é “como seda”.

Mas em ti, em algum ponto,
talvez fora de ti mesma,
talvez mesmo no ambiente
que retesas quando chegas,

há algo de muscular,
de animal, carnal, pantera,
de felino, da substância
felina, ou sua maneira,

de animal, de animalmente,
de cru, de cruel, de crueza, que sob a palavra gasta
persiste na coisa seda.

João Cabral de Melo Neto
Quaderna, 1956-1959

E pelo prazer da companhia, espero vocês para a continuação de nossa aventura pela Rota da Seda. Até breve...

Veja mais :

Todos os desfiles de alta costura outono-inverno 2008-2009 em Paris

A imagem das barras laterais veio daqui.


Alto da Página



sexta-feira, 20 de junho de 2008

A Poesia de Vidro

Photobucket

Entre as formas de expressão artística, entre as que mais aprecio estão algumas que tem o vidro ou o cristal como suporte. Acho maravilhoso como os artistas jogam com as formas, a luz e as cores para fazer vibrar a transparência. Porisso vou falar deste artista, cujas obras conheci há muitos anos e que me marcaram pois ele alia a esta beleza do vidro temas como o espaço e os mistérios do céu estrelado, criando verdadeiros poemas em vidro.

Photobucket


E eu acreditei ver a fada com o chapéu de luz que outrora nos meus sonhos de criança mimada passava, deixando sempre de suas mãos entreabertas nevar brancos buquês de estrelas perfumadas.



Stéphane Malarmé - Aparição


Trata-se de Yan Zoritchak, radicado na França, mas que veio da Tchecoslováquia, um país que tem uma grande tradição na arte do vidro e do cristal. Seu mestre na "Escola de Praga" foi Stanislav Libensky, um grande nome neste domínio. Como outras influências ele teve o escultor Brancusi, que ele considera seu "pai espiritual" e também o criador da escola Bauhaus, Walter Gropius, que o inspirou na adoção de formas geométricas abstratas.

Photobucket

As estrelas eu disse um dia : "Vocês não parecem felizes ; suas luzes tem ternuras dolorosas no infinito escuro ...
Elas me disseram : "Nós somos sós. Cada uma de nós é muito distante das irmãs das quais nos acreditam vizinha...
E eu lhes disse : "Eu as comprendo ! Pois vocês são como as almas. Como vocês, cada uma brilha, longe de suas irmãs que parecem próximas dela. E a solidão imortal queima em silêncio na noite.


Sully Prudhome - As Solidões


Em suas obras, ele busca sempre formas perfeitas obedecendo às relações de harmonia da geometria e da matemática mostrando uma busca mística da beleza existente nelas. Um outro grande tema de seu trabalho foi o espaço cósmico, procurando estabelecer sempre esta ligação entre o céu e a terra, por meio de seus asteróides, lagos espaciais, flores celestes.

Photobucket


Se alguém ama uma flor que existe em um único exemplar entre os milhões e milhões de estrelas, isto é suficiente que seja feliz ao olhá-la.


Antoine de Saint-Exupéry - O Pequeno Príncipe

E tentando fazer este elo entre o céu e a terra, representada pelos seus blocos de vidro, ele criou peças maravilhosas...mas como as imagens falam mais do que as palavras, vejam o diaporama abaixo e me digam se não tenho razão...






Alto da Página