Este é o ano da Astronomia e dos 400 anos do nascimento de Galileu e para comemorar estes dois eventos a editora suiça FIAMI publicou uma história em quadrinhos que visita as grandes descobertas da humanidade tendo Galileu como guia. Achei super-interessante o conceito, pois numa linguagem leve e divertida, Galileu vai dialogando com os sábios de cada época e as explicações sobre as descobertas que marcaram a história do homem e da astronomia vão fluindo de modo simples e lúdico. Ele começa seu passeio pelos séculos na Babilônia, onde ele fala sobre a invenção da escrita, e das eclipses, pois os povos da Mesopotâmia já eram capazes de prever as eclipses lunares. Depois, ele parte em direção da Biblioteca de Alexandria, no Egito, e mostra que na época (~200 aC) eles já avaliaram a circunferência da Terra com bastante precisão (eles a estimaram em 39375 Km e hoje se sabe que é de 40074 Km). Na Índia, ele conhece um intocável que tinha idéias avançadas para sua época, pois foi o primeiro a afirmar que a Terra girava sobre ela mesma. Depois ele faz um encontro consigo mesmo em Pádua, para falar de sua invenção, a luneta astronômica, que aumentava 30 vezes e que permitiu que ele observasse a Lua, os satélites de Júpiter, a via Láctea, as manchas solares (veja no quadrinho abaixo que engraçadinha a observação de sua mulher sobre a luneta)...Não falta também a referência ao episódio no qual ele quase foi enviado à fogueira por dizer que a Terra girava em torno do Sol, o que contrariava as afirmações da Igreja que afirmava que a Terra era o centro do Universo. Ele segue sua viagem pela história da astronomia indo a Londres, onde conversa com Halley, que descobriu a periodicidade do cometa que recebeu seu nome. Ele conta que Halley repertoriou 341 estrelas do hemisfério norte e que deu uma grande contribuição para a elaboração da teoria da gravitação, proposta por seu amigo Newton. Finalmente ele chega a uma sala de aula de nossos dias para acompanhar a explicação da astronomia tal qual ela é vista atualmente, com o Big Bang, a teoria da expansão do universo, etc. E a conclusão é sobre a importância da astronomia e as implicações filosóficas de sua compreensão, que envolvem as origens da própria humanidade.
Os "gibis" existem em inglês e francês, vejam mais no site da editora (aqui), onde há também sugestões de como associar estes conceitos de astronomia com a geografia, a história, a matemática, a filosofia...é muito interessante principalmente para quem tem crianças ou é professor. |
terça-feira, 17 de março de 2009
Viajando com Galileu...
segunda-feira, 9 de março de 2009
Escalando a Pirâmide...
A pirâmide sempre foi um símbolo magico, como esta do Louvre, plantada num dos pontos mais prestigiosos do planeta, a cidade Luz. Mas a pirâmide, devido à sua forma, também é um símbolo forte de estratificação e hierarquização, e tem sido usada há séculos para representar as questões sociais, como por exemplo suas camadas, onde na base estariam os mais desfavorecidos em geral mais numerosos e no alto, os mais abastados e/ou poderosos. Pirâmide representando a sociedade na Idade Média, tendo na base, o povo e os artesões, na segunda camada os guerreiros, na terceira a nobreza e no topo o rei Uma outra questão social na qual esta pirâmide foi adotada foi a hierarquização das necessidades humanas. Abraham Maslow propôs dividi-las em 5 níveis : no primeiro, ele colocou as necessidades fisiológicas (comida, um teto para dormir, etc); no segundo a necessidades de segurança (saber que seus direitos à saude, a um emprego, a seus valores serão respeitados); no terceiro nível ele classificou as relações com o próximo (o amor, as relações com a família, a aceitação social); no quarto nível ele colocou a auto-estima (obtido graças à auto-confiança, ao respeito dos outros); e no topo da pirâmide a auto-realização (que pode ser no domínio pessoal, social, artístico, no qual a pessoa possa se expressar plenamente). Naturalmente a meta de todos é atingir o topo, mas ele afirma que para aceder a cada nível da pirâmide é necessário "escalar" o inferior. E é aí que entraria a inclusão social, ela forneceria esta "energia de ativação" que permitiria ao indivíduo de "subir na vida". Ela deve ser dada pela sociedade às pessoas que estão à margem desta por dificuldades alheias à sua vontade, mas como e o quê? Na minha opinião, depende do nível no qual a pessoa se encontra. Normalmente nos paises "ricos" o primeiro e o segundo níveis são satisfeitos pelo sistema para a maior parte da população (vejo o post da Georgia sobre a exclusão social na Europa), enquanto nos mais pobres as necessidades da população se encontram principalmente nestas duas camadas. Já no terceiro nível, onde a inclusão passa pela aceitação da sociedade, o problemas encontrados passam pelo preconceito racial, religioso, em relação à deficiência física, ou outro. Pois cada pessoa tem necessidade de pertencer a um grupo, e a rejeição pode criar um mal estar que provoca desilusão e revolta (muitas comunidades acreditam que mesmo se fizerem estudos não terão acesso a um emprego) expressas muitas vezes de forma violenta, como as queimas de carros nos subúrbios das cidades européias, por exemplo. Neste caso, a inclusão social passa pelo combate aos preconceitos, sendo que uma das ferramentas é a discriminação positiva (não acho que seja uma boa solução). Subindo ainda na pirâmide o indivíduo precisa de auto-estima e do respeito de seu próximo para se sentir feliz. Mas acredito que isto, assim como a auto-realização já são principalmente de âmbito pessoal, não creio que seja uma questão de inclusão social.. Todo país competente tem obrigação de utilizar suas receitas arrecadadas com os impostos para permitir a cada um de seus cidadãos de escalar a pirâmide, não importa o nível de necessidades que ele apresenta. E poder perguntar a cada um como na canção :
E dar uma resposta à altura! Este post faz parte da blogagem coletiva sobre a "Inclusão Social" proposta pela Ester do blog Esterança : |
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
A Dança de Shiva
Este post faz parte da blogagem coletiva "O Livro da Minha Vida" organizada pela Vanessa do blog Fio de Ariadne. Este livro talvez não tenha sido o livro da minha vida, mas certamente foi um dos mais fascinantes que li, um dos poucos livros não técnicos que atravessaram o oceano e me acompanharam quando vim morar aqui. Pela primeira vez encontrei algo que propunha uma ponte entre duas coisas aparentemente antagônicas, a ciência e a religião. Trata-se de "O Tao da Física" de Fritjof Capra. Ele não é muito fácil de ler, na primeira parte da uma visão geral das religiões orientais (hinduismo, budismo, taoismo), e em seguida explica os princípios da fiísica quântica. Mas o mais interessante são sem dúvida os "paralelos":
"As idéias de ritmo e de dança vem-nos naturalmente há memória quando procuramos imaginar o fluxo de energia que percorre os padrões que constituem o mundo das partículas. A física moderna mostrou-nos que o movimento e o ritmo são propriedades essenciais da matéria e que toda matéria, quer aqui na terra, quer no espaço sideral, está envolvida numa contínua dança cósmica. Os místicos orientais tem uma visão dinâmica do universo, semelhante a da física moderna; consequentemente, não é de surpreender que também eles tenham usado a imagem da dança para comunicar a intuição que tinham da natureza."
Outros pontos que ele discute neste livro são a interdependência entre os fenômenos do universo, a participação do observador na "realidade" que o circunda, que são compartilhados pela física moderna e pelos preceitos destas religiões ancestrais. Como sempre procuro os pontos de convergência entre as várias culturas, adorei este livro. As analogias que ele apresenta podem ser contestadas por alguns, mas para mim a idéia de que por caminhos tão diferentes e em épocas tão distantes se chegue às mesmas conclusões me fascina completamente. Veja extratos do livro aqui Update (26/02/2009) A Marialynce do excelente Polia's blog acrescentou este importante complemento a este post : ...Há uns tempos li um romance de um autor português chamado "A fórmula de Deus" onde, a propósito de um pretenso segredo sobre a criação do universo deixado por Einstein, o autor faz várias referências às analogias entre as descobertas da física de partículas e os conhecimentos do budismo e hinduísmo, baseando-se, entre outros, no livro de Fritjof Capra que referiu. Deixo aqui alguns extractos: |
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Realidade ou Ilusão ?
O tempo é um referencial essencial em nossas vidas. Queremos medi-lo cada vez com maior precisão, economizá-lo, preservá-lo, valorizá-lo, segurá-lo...mas A noite cai rapidinho, as semanas passam voando, as estações se sucedem, os anos se escoam "entre nossos dedos"... Garoa,ou chove, ou neva, ou faz sol... A Terra se transforma, os dinossauros desaparecem, os humanos aparecem : Mas a passagem do tempo seria uma realidade... ...ou uma ilusão? Religiosos, filósofos e cientistas já se debruçaram sobre a questão. Segundo Santo Agostinho (e o que foi lembrado pelo nosso amigo Jorge do Expresso da Linha na sua série "As Aventuras de Arnaldo Rocha") "o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar". Einstein disse que o tempo é relativo dependendo da velocidade do observador ele pode se comprimir ou se dilatar. Logo sem observador o tempo não existe, não é mesmo? Então, será que o tempo passa mesmo ... ...ou será que somos nós que o fazemos passar, passando?
Mylene Farmer - Update 16/02/2009 A canção L'Horloge (letra aqui) de Mylène Farmer é uma adaptação musical do poema L'Horloge (O Relógio) de Baudelaire, no qual ele "pinta" o tempo com as palavras. Ele é formado por 6 estrofes de quatro alexandrinos, correspondendo às 24 horas. A consoante "s" está sempre presente no começo e no final dos versos marcando o ritmo do tempo, o que é respeitado na música, onde as passagens faladas e cantadas, graves e mais agudas se alternam, como o movimento do pêndulo do relógio. A primeira imagem representa um detalhe da tela "Os Relógios Moles" de Salvador Dali. E sobre a imagem que apresenta uma ilusão de ótica, o Kovacs nos informou nos comentários que "a ilusão de movimento da imagem é um trabalho de Akiyoshi Kitaoka - exemplo de Optical Art". Muito obrigada pela precisão, Kovacs. |
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
O Fractal Verde e Amarelo
Carnaval no Rio - Gilberto Santa Rosa As ilustrações deste post representam todas estruturas fractais. Elas são belas e harmoniosas, no entanto se originam do caos e se caracterizam por possuir sempre a mesma estrutura, seja se consideradas como um todo, seja se examinadas em cada uma de suas partes, sejam elas grandes ou minúsculas. Muitos domínios da natureza podem ser modelizados pelos fractais : a dimensão do litoral de um país, por exemplo, ou vegetais como a alface e o interior da beterraba como no diaporama abaixo, a geada sobre as plantas, mesmo partes da anatomia humana... E também ocorrências econômicas e culturais, entre outras. Alface Fractal - Gilberto Santa Rosa E o que tem o Brasil a ver com isto? A meu ver muito, pois o considero um país fractal! Porque? Em primeiro lugar, no quesito beleza, acho que ele é aprovado sem problemas, né? No quesito "caos", não se pode negar que em muitos setores seu desenvolvimento foi (ou ainda é?) caótico, então, por enquanto, 2 a 0! E passemos então ao terceiro quesito, a estrutura. Geada - Ebone Considerando aqui de longe o Brasil como um todo, o que sabemos? Ele é um país multiracial, multicultural, nele são praticadas uma variedade de religiões, além da enorme diferença econômica que apresentam seus habitantes. Descendo à escala de um estado, será que esse quadro se mantem? Claro que sim, cada um tem toda uma gama de culturas, religiões, raças e classes sociais diferentes. Numa cidade ocorre o mesmo, passeando em suas ruas vemos desfilar todas as cores, todas as classes sociais...E num bairro, então? Quantos condomínios de luxo não se encontram frente a frente com as favelas, por exemplo? E mesmo no interior das casas, podemos encontrar pessoas duma mesma família com credos religiosos diferentes. E até no sangue de cada um, se encontra esta mistura, pois a mestiçagem brasileira data de séculos... Lucik - Doktor J Isto acontece no mundo todo? Não! Este tipo de cultura não pode ser assimilada ao "melting point " americano ou à "saladeira" européia (comunidades que vivem lado a lado sem misturar suas culturas e religiões). Ela é particular, ela é fractal, pois "uma cultura fractal é aquela que contem no seu âmago as sementes de sua própria construção". E respeitado este terceiro quesito, podemos dizer que o Brasil é um belo e imenso fractal...meu magnífico fractal verde e amarelo!
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
A Primeira Vez
A lenda desta ilha tem origem na Odisséia de Homero : seus frutos, os "lotos", teriam um sabor de mel : quem os experimentar não desejaria partir nunca mais...Trata-se da ilha de Djerba, e foi nela que desembarcamos quando fomos ao sul da Tunísia e fizemos nosso périplo pelo deserto, que narrei no post precedente. Não ficamos nela muito tempo, mas me lembro de suas casinhas brancas se recortando contra o céu azul, do exotismo do hotel, dos comerciantes que chamavam todas as mulheres de "gazela" e os homens de "gazu". Quando lá cheguei o funcionário do aeroporto me disse : "É a primeira vez que um passaporte brasileiro passa pelas minhas mãos". Sorri e pensei na responsabilidade da imagem que deixaria, sendo possivelmente a primeira brasileira a pisar naquelas paragens...mas gosto muito de "viajar por mares nunca dantes navegados". Mas esta viagem à Tunísia foi marcada certamente pela hospitalidade do seu povo, mas também por muitas "primeira vez" e por um certo choque cultural :
Pois é, e dizem que é um país que evoluíu em termos de direitos femininos, lá não existe mais a poligamia, ainda presente nos países vizinhos. Mas uma mulher que quiser fazer uma viagem, por exemplo, mesmo que seja independente financeiramente, deve possuir uma autorização escrita do "homem da família", seja o marido, pai ou irmão...e elas são felizes assim. Dá para entender? |
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Indagações...
![]() ? Quem fez ao sapo o leito carmesim Boa pergunta, não é mesmo? Os religiosos diriam que foi Deus, os cientistas diriam que tudo vem do Big Bang, cada um tem sua explicação e sua resposta. Mas o que importa a resposta, se a pergunta foi pretexto para estes versos tão sublimes de Florbella Espanca? Este post faz parte da blogagem coletiva "Interlúdio com Florbela" promovida pela Flor. Update (09/12/2008) O Gilrang, a quem agradecemos, deixou a seguinte contribuição nos comentários : teus olhos (F.Espanca) o céu azul, não era dessa cor, antigamente; era branco como um lírio, ou como estrela cadente. um dia, fez Deus uns olhos tão azuis como esses teus, que olharam admirados a taça branca dos céus. quando sentiu esse olhar: “que doçura, que primor!” disse o céu, e ciumento, tornou-se da mesma cor! |
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A Chiffonière do Cairo

Ela disse : « A alegria se manifesta onde se vive sem eletricidade, sem lazer, mas na fraternidade, onde a relação de amor e de amizade é a própria base essencial da vida cotidiana. » |
Bastante mediatizada, todos os programas de televisão adoravam recebê-la pois com seu carisma, seu humor, era um espetáculo à parte, não tinha papas na língua quando se tratava de defender sua causa : o combate à pobreza no mundo.

Condecorada pela Legião de Honra pelo presidente Chirac, merecedora de um Prêmio Nobel da Paz segundo muitos, comparada muitas vezes à Madre Teresa de Calcutá, ela será canonizada? Provavelmente não, pois ela se declarou favorável ao uso da pílula anticoncepcional vendo os casos de meninas de 12 anos grávidas que no Cairo, e também ao casamento dos padres. Tudo isto contraria os dogmas da Igreja Católica, o que pode impedir sua canonização. No entanto, ela é o último exemplo conhecido de religiosos que se consagram com tanta abnegação às causas humanitárias, que atualmente tendem a ser defendidas pelas ONGs laicas.
Ela disse : « Não se possui a felicidade como uma aquisição definitiva. Trata-se, a cada instante, de fazer surgir uma faisca de alegria. Não se esqueça : sorri para o mundo que o mundo te sorrira.» |
No vídeo acima ela explica ao jornalista que a palavra que ela prefere é "Vá em frente" e que aquela que ela detesta é "Stop".
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Aquarela
Este post faz parte da Tertúlia Virtual organizada pelo Varal de Idéias e pelo Expresso da Linha.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Apocalypse now?
Acabei de ouvir na televisão que os países europeus estabeleceram um acordo para socorrer os bancos, cada um à sua maneira. E que o orçamento da França para 2009 que já estava pronto para ser submetido à votação do "Congresso" terá que ser completamente revisto diante desta crise, que paira como uma nuvem negra sobre o mundo...fiquei pensando quantas escolas deixarão de ser construídas, quanto material hospitalar não será instalado, quantos pesquisas terão que ser interrompidas, quantos empregos deixarão de ser criados porque o dinheiro público terá que ser usado para salvar os gananciosos que fizeram uma roleta russa no "cassino" chamado Bolsa de Valores e perderam.
Que meus visitantes me desculpem, aqui no Jardin em geral os assuntos são mais agradáveis, mas eu gostaria de entender porque tudo isto está acontecendo. Então encontrei uma explicação muito didática, que traduzi e a coloquei no diaporama abaixo (use as setas para ver as outras páginas). Sem economês, ela conta o ponto de partida, o desenvolvimento e o fim da crise dos anos 30, que tem pelo menos em sua origem pontos comuns com esta de 2008. Como a queda da bolsa de Valores de 1929 provocou o desemprego e a fome nos Estados Unidos e se propagou pelo mundo. Lendo-o, entendi porque os totalitarismos com Franco, Mussolini, Hitler se instalaram pelo mundo e culminaram com a guerra de 1939-1945...e que o mundo só saíu do buraco depois desta!
Não se assustem, todas as medidas estão sendo tomadas para que a crise atual não tenha o mesmo alcance daquela de 1930. Mas não devemos nos iludir o sistema de funcionamento da economia mundial está numa encruzilhada e terá que ser revisto profundamente, levando em conta também que o eixo econômico do mundo está se deslocando para os países emergentes. Qual será a "cara" deste novo mundo?
terça-feira, 23 de setembro de 2008
O Tempo no Espaço
Que horas são? Il est cinq heures, Paris s'éveille (São cinco horas, Paris desperta), diz a canção. Mas para que esta pergunta clássica tenha sentido deveríamos acrescentar "aonde" e para saber se é dia ou noite precisaríamos também conhecer a latitude e a estação do ano...você já pensou o que está fazendo sua amiga que mora no Japão, por exemplo, quando você está se levantando? E quem nunca ficou acordado até altas horas para ver um acontecimento que se passa no outro lado do mundo, como os últimos Jogos Olímpicos? Ou ficou derrubado devido à diferença de fuso horário quando fez uma viagem?
Isto acontece porque a Terra foi dividida em 24 fusos horários, tendo como ponto de partida o meridiano de Greenwich que passa em Londres, e que permite a cada país de ajustar seus horários ao horário solar. E o interessante é que existe no Pacífico uma região de mudança de data (felizmente não habitada), na qual você ganha um dia se a atravessa no sentido oeste-leste e perde um dia se viaja no sentido contrário (lembram do livro "A Volta ao Mundo em 80 Dias", de Júlio Verne?)
Dizem que o tempo não pára. Pois no diaporama abaixo, nós vamos fixá-lo e nos deslocarmos no espaço, dando uma volta ao mundo para ver o que está acontecendo nos vários pontos da Terra quando em Londres, que é o ponto de partida para determinar a hora no mundo, são 6h da manhã...Vamos lá?
Update 23/09/2008
Gilrang, a quem agradecemos, deixou o seguinte comentário sobre o tempo :
"...ainda hoje discutia com um amigo sobre a navegação na época dos descobrimentos e a orientação pelos astros e estrelas com o sextante e o astrolábio. o tempo e a sua medição foram fundamentais para que o posicionamento fosse algo próximo do real. ao contrário dos GPS de hoje, em que várias medições de posição em relação aos satélites são quase simultâneas, naquela época, as medições eram feitas com intervalos de até cinco minutos de diferença entre si, o que tornava o posicionamento bastante impreciso.
em la isola del giorno prima (a ilha do dia anterior), umberto eco relata as dificuldades que as imprecisões na medição do tempo causaram aos navegantes que cruzavam a linha de mudança de data.
mas o incrível de tudo isso é ver que, no fim, o tempo é como um poeta que deixa as marcas da sua poesia em tudo o que ele toca..."
E a Jugioli (merci, Ju) disse :
"...para falar do tempo, que segundo a simbologia é simbolizado pela Rosácea, pela roda, com seu movimento giratório, pelos dozes signos do Zodíaco, que descrevem o ciclo da vida. Sei por uma amiga astrológa... e adoro essa idéia do círculo, onde o centro nos rege e mantém, um começo e um fim."
E falando em tempo, o texto abaixo faz parte da introdução da emocionante série "As Aventuras de Arnaldo Rocha - Elétrico 15", de autoria do Jorge Pinheiro, que é publicada às terças e sextas-feiras simultaneamente no "Expresso da Linha" em Portugal e no "Varal de Idéias" no Brasil.
"Como dizia Santo Agostinho, o tempo não existe: o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar. Arnaldo Rocha é um agente especial da poderosa 'Organização' que tenta, desesperadamente, criar o 'Quinto Império', a união do norte e do sul, do leste e do oeste. Arnaldo Rocha percorre o tempo atrás do mito."
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segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Saber Amar
SOLIDARIEDADE
Murilo Mendes
Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista.
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança
Eu acho que não podemos ensinar ao ser humano o que é a solidariedade...ela faz parte de sua definição, um ser humano digno deste nome, contrariamente aos selvagens, não exerce a "lei da selva", ele ajuda seus semelhantes mais fracos a vencer suas dificuldades, e isto lhe confere um status diferente em relação aos outros seres vivos. Pena que ela se manifesta principalmente quando acontecem catástrofes, ou quando o Natal se aproxima ou quando se encontra sob a luz dos projetores. E na vida de todos os dias temos tantas oportunidades de exercê-la : ajudar um cego a atravessar uma rua, ou um velhinho a subir uma escada, emprestar um ouvido atento a alguém que está triste, ou mesmo sorrir podem trazer momentos de alento aos que estão carentes.
Mas muitas vezes a solidariedade precisa ser organizada, fazer parte de um contexto onde um grupo atua ao mesmo tempo para resolver um problema específico, como é o drama da Flavia que vive em coma vigil ha 10 anos e de sua família. Não vou entrar nos detalhes da questão, para quem ainda não conhece a situação, sugiro que visitem o blog da Odele, mãe da Flavia, que apresenta todos os detalhes desde o início. O que eu gostaria é de fazer aqui um apelo para que casos assim sejam tratados em prioridade e com justiça pelo Supremo Tribunal Federal, pois o que está em jogo é o direito a condições de vida (?) digna para esta menina, cuja infância foi ceifada pela negligência de profissionais irresponsáveis. E um pouco de tranqüilidade para sua família, para que ela, além de sofrer por ver a filha neste estado, não tenha também que enfrentar problemas materiais para seu tratamento.
Imagem criada e gentilmente cedida pela Vi
Além deste lado que depende da Justiça eu coloco uma pergunta : o que a legislação brasileira prevê para as pessoas com deficiências pesadas? Elas e suas familias recebem ajuda material e psicológica para enfrentar a situação? Não se trata de esmola ou de assistência, pois eles relamente não podem trabalhar. Será que nenhum político ainda abraçou esta causa? Pois isto é solidariedade, e é a marca de um país desenvolvido, que não deixa seus filhos mais carentes à margem do caminho da dignidade, simplesmente porque a fatalidade os alcançou.
Este post faz parte da Tertúlia Virtual promovida pelo Varal de Idéias e pelo Expresso da Linha e também da blogagem coletiva promovida pela Odele, do blog "Flavia, 10 anos vivendo em coma"
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sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Gênese ou Apocalipse?
Já há algum tempo na blogosfera e nestes dias em toda a imprensa fala-se muito no novo e gigantesco acelerador de partículas do CERN (Organização Européia para a Pesquisa Nuclear), que começou a funcionar nesta semana, visando descobrir os segredos da criação do mundo, inclusive a "partícula divina", que é o que falta nos modelos atuais de descrição da matéria e do universo para validar as teorias existentes sobre esta.
Houve muito barulho em torno desta máquina, pois seus detratores apontaram o risco de que ela poderia provocar um mini "buraco negro", que engoliria a Terra provocando assim o "fim do mundo", se um erro de calculo ou de manipulação fosse cometido, o que foi formalmente desmentido pelos cientistas do CERN. Em todo caso, é um projeto gigantesco envolvendo cientistas de centenas de nacionalidades diferentes.
Encontrei um diaporama explicando em linguagem normal no que consiste este projeto, e o traduzi para que possamos entrar na intimidade deste gigante (clique nas setas para ver as outras páginas e me avisem se encontrarem problemas, é a primeira vez que faço um diaporama "caseiro") :
O que vocês acham, será que querendo descobrir os segredos da gênese, os homens vão encontrar o apocalipse? Esperemos que não...
Fonte dos dados do diaporama : CERN
Leia mais :
Parceria brasileira com o CERN
Leia o que foi publicado sobre o LHC na Folha de São Paulo
Sobre o bóson de Higgs
A Marialynce, do Polia'Blog também escreveu sobre o assunto :
LHC : Em busca da partícula final
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sexta-feira, 5 de setembro de 2008
A Civilização Perdida da Amazônia
Aldeia atual dos índios Kuikuro no Alto Xingu
Ela relatava que equipes de cientistas brasileiros e americanos, com a ajuda dos índios Kuikuri do Alto Xingu, encontraram evidências de que a Amazônia já foi habitada por populações sedentárias que se organizaram em assentamentos de até 5000 pessoas, com represas e lagos artificiais para criar peixes (os atualmente analisados teriam sido formados entre 1250 e 1650). Esta(1) e outras fontes (2,3,4) relatam que estes povos produziram cerâmicas, abriram clareiras na floresta para praticar a agricultura e gerenciaram a floresta de modo a otimizar o equilíbrio entre área plantada, clareiras abertas e mata natural. Logo, afirmam eles, até 10% da floresta amazônica não seria tão virgem assim, mas teria sido manipulada por estes índios pré-colombianos. E que os Kuikuros seriam os descendentes diretos destes povos.
Reconstrução da aldeia da civilização pré-colombiana no Alto Xingu
Distribuição atual da terra preta legada pelos indios pré-colombianos
A grande pergunta é : "O que aconteceu com estes povos?" Pois como eles viviam principalmente ao longo dos rios, por onde chegaram os europeus, foram em grande parte dizimados pelas doenças trazidas por estes. Calcula-se que 90% da população amazônica desapareceu nos primeiros anos que seguiram o contato com os europeus.
Achei tudo isto muito rico de lições. Em primeiro lugar, se isto for verdade, significa que os seres humanos podem interagir com o meio ambiente sem devastá-lo e mesmo o enriquecendo. Em segundo lugar, fica uma questão "transcendental" : medimos o avanço de uma civilização pelos monumentos, objetos, escritos que elas nos deixaram...mas isto não estaria em conflito com o conceito de "pegada ecológica" pois estas realizações foram feitas às custas da transformação da natureza? Para o planeta Terra, não seria mais interessante estes povos que passaram e o deixaram a natureza como ela é? A civilização seria incompatível com a ecologia?
Este post faz parte da blogagem coletiva comemorativa do "Dia da Amazônia", organizada pelo "Faça a Sua Parte". Para se inscrever e visitar os outros participantes, clique na imagem abaixo :
Fontes :
(1) Amazônia antiga e urbana
(2) Pre-Colombian Amazon tribes lived in susteinable "garden cities"
(3) Um modelo de ocupação sustentável da Amazônia
(4) Pre-Colombian Amazon supported millions of people
(5) The Black Earth of Amazon