sábado, 17 de novembro de 2007

Art Nouveau em Sampa


O Centro Cultural do Banco do Brasil em Noite de Gala Foto Eli Hayasaki

Antes de viajar para o Brasil havia feito uma listinha de lugares a visitar em São Paulo, como por exemplo o MuBE, o Mercado Central, o Museu de Arte Sacra, a Sala São Paulo para ver um concerto, e também a exposição do Aleijadinho. Esta, quando cheguei lá ela estava quase acabando, fui correndo vê-la, e foi a sorte, pois de todo o resto da minha listinha não vi nem um décimo.

E foi uma dupla satisfação visitá-la pois além da exposição por ela mesma, havia também o prédio onde ela foi apresentada, o Centro Cultural do Banco do Brasil, na esquina da rua da Quitanda com a José Bonifácio, no centro velho de São Paulo. Já o conhecia, apesar de ter passado muitas vezes diante dele sem perceber a beleza que ele encerrava.

Este imóvel, que data de 1901, plena "Belle Epoque" paulistana , foi construído nos estilos neoclássico e art-nouveau, sendo que o tema natureza da art-nouveau pode ser percebido nos ramos de café, abacaxi e folhas de fumo, marcas da aristocracia pré-industrial no Brasil. E os desenhos da cúpula de cobre são pétalas de rosa.

O Banco do Brasil o comprou em 1923, e o adaptou para as funções bancárias com obras do renomado engenheiro Hyppólito Pujol Jr., se constituindo na primeira agência própria deste banco no Estado de São Paulo em 1927. Foi reciclado novamente e se tornou o Centro Cultural do Banco do Brasil em 2001.

O prédio tem 5 andares (mais subsolo e mezzanino) distribuídos em torno de um vão central, e o que chama a atenção logo na entrada é o piso do saguão, todo em mosaico veneziano e também, olhando para o alto, a clarabóia com seu magnífico vitral com florais em tons dourados. As arandelas, os elementos em ferro forjado que constituem os balcões e os corrimões com suas linhas sinuosas em torno do vão central formam um conjunto muito bonito. No subsolo ainda pode-se ver o cofre que veio da França especialmente para o banco. Apesar de não ser muito grande, tem também um café muito charmoso, salas de exposição, auditório, cinema, teatro e salas de vídeo.

Falarei sobre a exposição do Aleijadinho em outro post. Por enquanto, encham os olhos com as imagens deste belo prédio, que vale a pena.



CLIQUE NA IMAGEM PARA VER O DIAPORAMA

Mudando de assunto :

Vocês se lembram do post o sobre as feiras livres "Cores, Odores e Sabores" ? Ele foi reproduzido no "Conversas (virtuais) de Cozinha", onde a Sam e a Lina também escreveram sobre o assunto (na época a Célia inda não tinha entrado no blog). Pois a Lívia Lisboa, jornalista da revista "Vida Simples" da Editora Abril, leu nossas "conversas virtuais" sobre as feiras no Brasil, no Japão e na França, e as citou no seu excelente artigo sobre este assunto, na edição deste mês de novembro desta revista. Legal, né? A versão na Internet pode ser vista aqui.


Update :

A Teresa salientou nos comentários deste post a grande semelhança entre as arquitetura brasileira e francesa dos séculos XIX e XX. Ela tem razão, vejam a semelhança entre a foto noturna do CCBB que ilustra este post e a foto que tirei na Noite do Patrimônio deste imóvel de Nancy, que data de 1909, com o torreão e tudo.

SNVB (Nancy) e CCBB (São Paulo)

A Lunna acrescentou um detalhe também nos comentários : ..."A área onde ele foi construída era de solo argiloso e não se preocuparam com este fato quando ergueram o prédio. Resultado: o solo engoliu o prédio repentinamente. Engenheiros ingleses foram chamados e fizeram uma análise detalhada do solo antes de reerguer o prédio. Não sei exatamente quantos caminhos de terra foram necessários, mas foi a primeira estruturação de solo ocorrida em São Paulo e o prédio foi reerguido de acordo com fotografias feitas, mas o que se sabe é que muitos detalhes do prédio anterior perdeu-se e o que passou a existir foi o cenário (que é deslumbrante) atual.Aliás, o centro velho paulistano tem muitos detalhes da velha França, porque o arquiteto responsável na época estudo na França e trouxe para o Brasil o mesmo estilo"....Como não existem muitas informações datando da época da construção deste prédio, é um detalhe preciosíssimo. Falou e disse, Lunna!

Confira a Programação do CCBB São Paulo, inclusive com visitas monitoradas. A exposição atual é "Yoko Ono - Uma Retrospectiva".


18 comentários:

Aninha Pontes disse...

Bom dia Maria Augusta.
É incrível, como temos coisas e lugares ricos e lindos tão próximos, e não damos a devida importância.
Quantas e quantas vezes já passei em frente ao CCBB, mas foi só de passagem.
Se pararmos um pouquinho para aproveitar o que a cidade de S Paulo, tem a nos oferecer, sairemos ricos de cultura e artes.
Que legal o reconhecimento do "Conversas" né?
Um beijo meu bem.

Anônimo disse...

Maria Augusta,

você fez uma boa observação, descrição e postagem divulgando esse lindo predio. Tem toda razão.
E a Aninha, esta certa também em cumprimenta-la pela CONVERSA. Os blogs fazendo com inteligência, seus papéis!

Abçs

Anônimo disse...

maria,

o brasil costumava importar algumas belezas. hoje, arrogantemente, apenas exporta uma arquitetura cujo gosto plástico é atraente, mas inteiramente não prático. perdemos o dom de apreciar o belo. é preciso morar lá fora para entender que não se joga fora, não se destrói uma época, não se elimina o passado. e é ao voltarmos que descobrimos o que jamais percebemos, que estava ali, debaixo dos nossos narizes, mas que, anestesiados pelo desinteresse coletivo, sempre se expôs aos nossos olhos.é preciso ter olhos de enxergar, alma de compreender, sensibilidade para apreciar. infelizmente, nossa gente esqueceu isto, maria. perdeu-se durante a auto-adoração...

mudando de assunto, também: li o seu "cores, odores e sabores" que eu não havia lido antes. pareceu-me que as fotos eram da feira de vandoeuvre. era ali, bem pertinho da minha casa entre a rue de bélgique e a avenue du charmois(eu morava em frente ao vélodrome). que delícia era ir até lá nas manhãs de domingo!... tão diferente. a começar, não era tudo no meio da rua. não se atrapalhava o trânsito mais que os estacionamentos dos carros. e era possível comprar de tudo. o que mais me impressionava era que eu saía com os pés limpos. seria bem melhor se as nossas feiras livres pudessem encontrar um local apropriado para que elas se realizassem, como é em vandoeuvre e em uma centena de lugares que conheci. as feiras sempre existiram e jamais deixarão de trazer os produtos frescos e mais baratos para a população. mesmo nos estados unidos, a feira acontece em lugares definidos, com um padrão de higiene e limpeza que não deixam a desejar a qualquer mercearia de esquina. até mesmo açougues e comida pronta se podiam encontrar. como em vandoeuvre. tudo organizado e razoavelmente limpo. quando acabam, os feirantes mesmo se encarregam da limpeza. em vandoeuvre, no domingo à tarde, as crianças patinavam com seus skates.

Anônimo disse...

Aninha, quando morava em São Paulo, na correria do dia-a-dia nem prestava atenção nestas coisas. Depois que comecei a visitar a cidade como turista é que comecei a descobrir este seu outro lado tão rico. Um beijo.

Eduardo, este prédio é realmente muito bonito e foi muito valorizado agora como centro cultural, vale a pena mesmo visitá-lo. Um abração pelo aniversário do Varal.

Gilrang, como eu disse à Aninha, é a correria que não nos deixa apreciar o nosso patrimônio com a devida atenção. Quanto às feiras, a de Vandoeuvre é mesmo maravilhosa, adoro comprar e ir passear nela. Mas no Brasil também conheço feiras ótimas, e bem limpas, acho que depende do lugar.
Um abração.

Anônimo disse...

é engraçado, né maria augusta, como depois que a gente vem pra frança começa a perceber a poderosa influência da arquitetura francesa no brasil dos séculos xix e xx. beijo grande.

Lunna Guedes disse...

Bom dia Maria Augusta, adorei o post mas faltou um detalhe curioso sobre o prédio do BB. A área onde ele foi construída era de solo argiloso e não se preocuparam com este fato quando ergueram o prédio. Resultado: o solo engoliu o prédio repentinamente. Engenheiros ingleses foram chamados e fizeram uma análise detalhada do solo antes de reerguer o prédio. Não sei exatamente quantos caminhos de terra foram necessários, mas foi a primeira estruturação de solo ocorrida em São Paulo e o prédio foi reerguido de acordo com fotografias feitas, mas o que se sabe é que muitos detalhes do prédio anterior perdeu-se e o que passou a existir foi o cenário (que é deslumbrante) atual. Aliás, o centro velho paulistano tem muitos detalhes da velha França, porque o arquiteto responsável na época estudo na França e trouxe para o Brasil o mesmo estilo.

Ps. Eu li a matéria na revista Vida Simples. A Sam me falou da matéria e como gosto muito da revista...

Beijos a você e uma bela semana (sem feriado por aí) por aqui com feriado (mais um). Antes que pergunte: estou no Brasil (novamente) até março articulando um projeto cultural que me pegou pelo umbigo (risos).

samegui disse...

Maria Augusta
ia justamente comentar que conheci pessoalmente a Lunna no mercadão neste sábado e ela me falava muito das historia destes prédios paulistas. Eu ainda sou turista aqui, o que acho delicioso!
Ainda não conheci este BB, mas vou lá assim que puder. Adoro a forma como você conta estas coisas.
Beijos.
Sam

Anônimo disse...

Maria Augusta,

eu conheço o prédio do BB. Acho uma preciosidade.
Obrigado pelo BOLO, e link do Varal, neste dia de festa!

Muito obrigado.

Abçs

Só- Poesias e outros itens disse...

Maria Augusta,
gosto de blogs inteligentes e com ótimas informações como o seu.
Estou aqui sempre, e a atenção que você deu para essa maravilha que é o BB como centro cultural está perfeito.

bjs,


Jugioli

Anônimo disse...

Teresa, tem razão, um exemplo é a influência do Le Corbusier sobre a obra do Niemeyer. Um beijo grande.

Lunna, que informações raras, menina. Eu sabia que na época da adaptação para agência do BB nos anos 20 pelo Pujol, o maior problema encontrado foi o reforço das fundações, mas não tinha mais informações da época da construção. Valeu!
E aproveita bem o calor brasileiro, que parece que o inverno na Europa vai ser duro este ano. Um beijão.

Sam, é legal manter um olhar de turista em relação à cidade onde habitamos, dá para aproveitá-la melhor. Vai sim com tuas crianças ao CCBB, tem visitas monitoradas, vocês vão gostar. Sabe que não conheço o Mercadão, fiquei com inveja de você e da Lunna...
Um grande beijo.

Jugioli, tuas visitas e tuas palavras me dão sempre um grande prazer, também gosto muito do teu cantinho tão poético. Beijos.

Pepe Luigi disse...

Com muita pena minha ainda não consegui visitar S.Paulo, pois antes desta cidade fiz opção por outras nomeadamente Rio de Janeiro e todas as cidades dos Estados de Pernambuco e Alagoas. Gostei muito de Recife e Maceió, que trago na memória.
Acerca de S.Paulo por me terem sempre dito que era uma cidade muito grande mas sem muito interesse, fui sempre deixando-a para outras núpcias.
Porém pelo que acabo de ler e de ver nas imagens vale muito a pena visitar S.Paulo.
Obrigado por estas preciosas ilustrações.

Beijinhos

Anônimo disse...

Gostaria de ter visto a exposição do Aleijadinho, que acho um gênio. Quanto à semelhança entre os prédios franceses e brasileiros, é explicável: sofremos grande influência francesa.

Anônimo disse...

Que post maravilhoso e cultural Guta!
Nao conheço muito de Sao Paulo e com certeza esta foi uma excelente dica.

Beijos

Meire

Celia disse...

Muito bonito o predio sim. Um abraco

Anônimo disse...

Pepe Luigi, São Paulo não é uma cidade turística, suas belezas não estão expostas como nas cidades de praia por exemplo e seu tamanho assusta. Mas para os que tiverem a paciência de descobri-la, ela reserva uma grande riqueza cultural e humana. Um abraço.

Lino, o Aleijadinho foi realmente um gênio da escultura brasileira.
Um abraço.

Meire, se você tiver a oportunidade de visitá-la, ali no Centro Velho encontram-se muitos pontos interessantes como o Pátio do Colégio, o Solar da Marquesa de Santos, tudo pertinho do CCBB. Beijão.

Célia, é um prédio bonito, mas às vezes passamos diante das belezas e nem vemos, absorvidos pelos afazeres do dia-a-dia. Um beijo grande.

Karina disse...

S.Paulo tem verdadeiros tesouros. Tbém tenho uma listinha de lugares q quero conhecer em SP, mas não consegui conciliar os passeios. A exposição do Aleijadinho acabei perdendo. Vi muito das obras dele em Ouro Preto, simplesmente maravilhosas!
Q bacana a indicação na revista, parabéns! Tenho lido muito mais blogs q jornais e revistas, acho uma ótima fonte de informações. Indicações como essa comprovam minha teoria. rs
Bjks carinhosas!

Anônimo disse...

Karina, realmente tem muita coisa para se ver e fazer em Sampa. Quanto aos jornais e revistas, estes estão perdendo terreno para a Internet, sem dúvida.
Um beijão.

Gilmar Domingos de Oliveira disse...

Procuro informações biográficas sobre o eng. Hyppolito Gustavo Pujol Jr. que atuou nas primeiras décadas do século passado.
Gilmar Domingos de Oliveira
Jornalista
13- 3238 6992/3273 7295