Pode parecer estranho que ilustrando o tema "Direitos Humanos" eu esteja utilizando um grupo de animais. A explicação é que, há muitos anos, li o livro "A Revolução dos Bichos" de George Orwell, e cada vez que vejo a "Declaração Universal dos Direitos Humanos" não posso evitar de pensar nele.
Trata-se de uma fábula. Ela foi escrita por Orwell em 1944, para criticar a Revolução Russa, mas seus conceitos são incrivelmente atuais e se aplicam perfeitamente à descrição de qualquer regime autoritário e mesmo à essência da natureza humana.
Ela conta a revolução vitoriosa realizada pelos animais da Granja do Solar contra a exploração e opressão exercida pelo homem sobre eles. Para garantir que eles não se submeteriam nunca mais à tirania eles estabeleceram um conjunto de mandamentos, a saber :
- Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
- O que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
- Nenhum animal usará roupa.
- Nenhum animal dormirá em cama.
- Nenhum animal beberá álcool.
- Nenhum animal matará outro animal.
- Todos os animais são iguais.
No começo tudo correu bem, os animais trabalhavam ém pé de igualdade e a granja prosperava. Com o passar do tempo, no entanto, alguns animais mais "inteligentes" que os outros, no caso representados pelos porcos, resolveram assumir a liderança e governar a comunidade. E começaram a tramar e manipular para ir gradativamente se apossando de privilégios que antes eram atribuídos aos opressores, ao mesmo tempo que esmagavam as vozes que se opunham a seus atos. Por exemplo, começaram a tomar bebidas alcoólicas, comerciar com os homens , dormir em camas e principalmente exigir mais e mais dos outros animais, oferecendo cada vez menos em troca de seu trabalho. A tal ponto eles se tornaram parecidos com os homens que era impossível distinguir entre um homem e um porco, pois estes últimos passaram até a andar sobre 2 pernas. A medida que os hábitos dos dirigentes mudavam, um a um os mandamentos iam sendo "arranjados" para integrá-los, até que se tornaram :
- Nenhum animal matará outro animal, sem motivo.
- Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
- Nenhum animal beberá álcool em excesso.
- Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.
Extrapolando a "moral da história" desta fábula à nossa realidade, compreendemos melhor a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Se olharmos alguns dos seus termos tais como :
- Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
- Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
- Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Eles parecem tão óbvios, não é mesmo? No entanto a todo momento se encontram "desculpas" para distorcê-los e adaptá-los à dominação ou à opressão. Porisso ela deve ser preservada e relembrada, para que, tanto no nível familiar, como no comunitário ou estatal, estejamos sempre atentos e nunca esqueçamos o que distingue a conduta de um ser humano daquela dos "porcos".
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