Nossa caravana seguindo a Rota da Seda chega às vastas extensões da Ásia Central, cercadas por brancos picos cobertos de neve, e pontuado por lagos cristalinos, onde vivem os povos nômades. E como « um nômade sem cavalo é como um pássaro sem asas » eles são exímios cavaleiros, e no passado foram guerreiros destemidos, que aperfeiçoando a arte equestre, se lançaram sobre os povos sedentários, conquistando impérios e espalhando o terror, como no caso de Genghis Khan, ou dos hunos de Átila. Diz a lenda que as amazonas também teriam pertencido a estas tribos nômades, o que teria sido confirmado por descobertas de túmulos de mulheres com pernas arqueadas e contendo espadas e flechas (elas queimariam o seio esquerdo desde crianças para facilitar o manuseio de armas e matariam todas as crianças de sexo masculino ao nascer...). Mas hoje os povos nômades são pacíficos pastores, que criam seus cavalos, cabras, camelos, carneiros, yacks, e seguem os ciclos da natureza deslocando suas moradias e rebanhos em função das estações do ano. Eles se espalham pelas estepes do Cazaquistão e pelos campos aos pés dos Montes Celestes no Quirguizistão, sobre os quais vamos nos concentrar, embora eles se encontrem também na Mongólia e em outros países da Ásia Central. Suas habitações são os yourtes, que são tendas que apresentam uma estrutura de madeira circular dobrável (como um guarda-chuva) , que pode ser facilmente montada e desmontada. Esta estrutura é recoberta de feltro e fixada ao solo sem pinos. Ela pode ter até 20 m2 de superfície e apresenta uma "tampa" chamada a abertura da fumaça, para permitir uma melhor aeração. A porta em geral é colocada voltada para o sul, "para deixar entrar o calor e os bons amigos". As paredes interiores e o solo do yourte são revestidos de tapetes variados de feltro, de veludo ou trançados com os juncos da estepe, tudo muito colorido, assim como também são coloridos seus trajes cerimoniais e cotidianos. Dentro de um yourte, "o fogo deve estar sempre aceso para aquecer o ambiente e espantar os maus espíritos"... A hospitalidade destes povos é legendária, as portas estão sempre abertas para receber os visitantes que tem um lugar de honra e partilhar com eles as refeições. Estas, são à base de carne e de derivados do leite, pois eles são pastores, acompanhados de batatas (que cresce nas montanhas) e de cereais, que eles compram junto aos sedentários. Um exemplo de prato é o "kouyrdak", assado de fígado, pulmões e carne de carneiro com batatas, e como entrada pedacinhos de fígado cozidos com a gordura da cauda do deste animal (!!!). Atualmente a vida nômade no Cazaquistão e no Quirguizistão tende a se reduzir cada vez mais, a maioria mora em seus yourtes no verão e para o inverno possui uma casa na cidade. Durante os anos de dominação soviética, grandes esforços foram feitos para sedentarizar a população, criando cidades nas terras antes dedicadas ao pastoreio. Nesta transição a população cazaque, por exemplo, sofreu grandes perdas, se reduzindo à metade. Muitos dos testes nucleares soviéticos foram realizados neste país, e é nele que se encontra a base de lançamentos de naves espaciais soviéticas, Baikonur. Tanto o Cazaquistão quanto o Quirguizistão são independentes desde o começo dos anos 90, e tentam se modernizar conservando suas culturas. Por exemplo, o novo e moderníssimo aeroporto de Almaty (abaixo), no Cazaquistão, terá a forma de um triplo yourte... E com esta música do filme cazaque "Nômade" que lembra suas cavalgadas, nossa caravana retoma a Rota da Seda e chega às fronteiras da China, onde nossa próxima escala e destinação final será a cidade de Xian' para visitar "Os Guerreiros da Eternidade". E pé na estrada! |
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