quinta-feira, 1 de maio de 2008

Maio 1968

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"Onde você estava em maio de 1968?" Esta é uma pergunta corriqueira aqui na França para todas as gerações dos "babyboomers" e anteriores, neste aniversário de 40 anos do acontecimento. Porque, independentemente de nossas convicções políticas e de nossa idade, devemos reconhecer que foi uma data que marcou a história, o mundo não foi o mesmo depois dela.

Tudo começou com uma "banal" greve de estudantes na cidade de Nanterre, onde o reitor proibiu os rapazes de frequentar os alojamentos das moças no campus universitário. Esta revolta contra a autoridade foi o estopim do movimento que se alastrou como rastilho de pólvora pela França toda, levando milhares de estudantes às ruas e que conduziu à greve 10 milhões de trabalhadores, em um movimento popular cuja força fez estremecer o governo de Charles de Gaulle. O que se reivindicava? A liberdade ampla, total e irrestrita contra toda forma de autoridade.

Mas este clima de rebelião e protesto da juventude não se limitou à França. Nos Estados Unidos, o ano de 1968 que foi marcado pela morte de Martin Luther King viu nascer o movimento "black power", além de outras manifestações que apareceram por toda parte contra a guerra do Vietnã.

E o importante nesta época era ser jovem. No Brasil, por exemplo, apesar da repressão mantida pela ditadura militar, os jovens saíam às ruas em passeatas para reclamar direitos políticos e sociais. Pelé, Chico Buarque, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Gal Costa, ainda não tinham 30 anos e já eram ídolos.

Este ambiente de 1968 trouxe com ele avanços como a pílula anticoncepcional, a mini-saia, os computadores, o Concorde (1969), a chegada do homem na Lua (1969), o primeiro transplante de coração (1971)...Mas as mudanças mais marcantes foram sem dúvida no comportamento dentro das famílias, onde a relações homem-mulher, e pais-filhos sofreram grandes mudanças, com uma nova distribuição de valores em relação ao poder e à autoridade.

Qual foi o resultado de tudo isto? Ele já foi venerado, comemorado, hoje é contestado. Seus críticos (como o presidente Sarkozy, por exemplo) dizem que a diminuição da autoridade parental acarretou o surgimento de uma geração que não tem referenciais nem limites, e que a frase "É proibido proibir" conduziu a excessos não desejados. Por outro lado, muitos afirmam também que 1968 marcou o verdadeiro início do século XXI. O que você acha?

Alguns slogans de 1968 :

"Faça amor, não faça a guerra!"
"Sejamos realistas, peçamos o impossível!"
"Viva sem tempo morto, goze sem limites!"
"É proibido proibir!"






Música : Blowing in the Wind - Joan Baez



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17 comentários:

Anônimo disse...

Maria Augusta. Eu estava entrando para a Faculdade...rs
1968 foi um ano mítico. Foi o ponto de partida para as transformações políticas, éticas, sexuais e comportamentais.Sobrewtudo na França, com a insurreição juvenil que varreu o mundo em todas as direções, né?
Mas, os resultados dessas transformações ainda não sabemos, com certeza, se foram todos positivos e se alcançaram os objetivos propostos.
Mas,1968 é, sem dúvida, a ano que despertou a consciência do mundo para a re-novação e a mudança do pré-estabelecido.
Eu ainda não conhecia a França!!! nessa época. Mas, já a havia escolhido para estudá-la na faculdade...rs
Beijos para você.
Dora

Anônimo disse...

Maria Augusta,

desde o som, e imagens seu texto de HOJE esta exemplar!
O comentário da Dora, muito pertinente.
Por falar em comentário, vc votou no COMENTÁRIO e não registrou o VOTO no CONTA-VOTOS do sidebar! Se ainda não o fez, há tempo!

Abçs e parabéns pelo seu 1º de Maio.

Maria Augusta disse...

Dora, muito boa tua análise. O que é interessante é que por razões diferentes em cada país, a juventude se insurgiu ao mesmo tempo contra o status-quo político, social e familiar. O resultado visto 40 anos depois é discutível, mas o impacto é inegável. Beijos.

Eduardo, o enfoque dado no tratamento deste assunto é meio delicado, pois não tinha a intenção de dar um enfoque político, mas simplesmente comentar um momento de nossa história recente, aqui na França só se fala nisto (rs). Vou votar na sidebar, não o fiz é verdade.
Abraços.

Ví Leardi disse...

Maria Augusta querida ...tão oportuno este post...em 68 ,hoje eu realizo, quão alienada eu era do que acontecia na cabeça de jovens idealistas..só mais tarde vim a me dar conta da importância destes movimentos e fui me inteirando e compartilhando de tantas idéias e ideais...Bandit virou para mim anos depois o ídolo de uma geração...como a Dora não sei aonde tudo isto nos levou...tantos passos precisam ainda ser dados e, é isto aí, the "answer is blowing in the wind" how many roads...ainda ???
beijos e parabéns.

Só- Poesias e outros itens disse...

Em 68, estava com 13 anos, e ainda sem entender toda essa preocupação política. Sabia apenas das dificuldades do meus pais em manter a familía. Vindos da Itália e com dificuldades todas para emprego e moradia. Nasci aqui e tenho quatro irmãos e, sempre gostei de música, e neste ano ganhei uma vitrola, ou melhor toca-disco WS four II, e ouvia os Beatles o dia inteiro.

Obrigado por me fazer lembrar.

Bjs.

JU Gioli

Anônimo disse...

Eu estive nas ruas, nos comicios relampagos, briguei com guardas-civis e forças-públicas (PM da época), a UNE e UNEs ficaram mais fortes e menos de um ano eu estava com outros na Inglaterra. Aproveitei para estudar e voltei ao Brasil apenas em 1972, passei pela França e Estados Unidos. Foi uma época memoravel e você está certissima o mundo não foi mais o mesmo! E ainda tinhamos os Beatles e Rolling Stones, como trilha sonora. Beijos e bom final de semana!

Anônimo disse...

para quem tem filhos jovens, como eu, é engraçado ver como eles acham que os pais foram loucos demais. uma geração que cresceu vendo televisão e jogando vídeogame, à sombra do sucesso financeiro dos bill gates da vida, que tem uma relação monogâmica com o namorado/a namorada (com quem transa dentro de casa), não consegue entender a efervescência do movimento peace and love e o que ele representou em termos de ruptura de comportamento social e familiar.

Anônimo disse...

Maria Augusta, estou com o presidente Sarkozy: "...a diminuição da autoridade parental acarretou o surgimento de uma geração que não tem referenciais nem limites, e que a frase "É proibido proibir" conduziu a excessos não desejados."
É o que acho.
Beijos

Lunna Guedes disse...

Quantas histórias, quantos mundos diferentes para tantos olhares desatentos. Há tanto que aprender com tudo que aconteceu, será que seremos capazes disso. As vezes, enquanto espio o mundo de minha janela, penso sinceramente que não. Então repouso minha cabeça no travesseiro e rezo para que eu esteja errada. Mas algo em mim diz que nem mesmo a prece resolve.
Bem, hoje estou um pouco pessimista com a humanidade, vou ficar em silencio e apreciar a chuva que segue pela paisagem.
Bom fim de semana a sua gentil alma, espero que a primavera esteja proporcionando diferentes tons aos olhos seus...

Maria Augusta disse...

Vi, realmente nesta época não dava para ter uma visão global de todos estes movimentos, verdade que atualmente é mais fácil com a Internet. Mas devemos a eles muito da liberdade que desfrutamos em relação às gerações anteriores, a qual nem sempre foi usada de modo judicioso. Como você poeticamente disse : "the answer is blowing in the wind".
Beijos.

Ju, como a sua, minha família também lutava com dificuldades nesta época (havia perdido meu pai há pouco tempo) e nos não nos preocupávamos com a situação política. Só entendi o que aconteceu em 1968 anos depois, quando entrei na USP e tive contato com os movimentos estudantis. Eu também tinha 4 irmãos (3 irmãs e um irmão) e ouvia os Beatles...
Beijos.

Betho, você realmente viveu estes acontecimentos de seu centro, obrigado por nos contar esta tua experiência tão intensa. Foi uma época memorável e mudou o mundo, sem dúvida. Um abraço.

Maria Augusta disse...

Teresa, acho que o problema foi "quem nunca comeu melado...". Como a geração de 68 teve de repente acesso a uma liberdade que não conhecia, exagerou no seu uso. A geração atual já nasceu na liberdade de costumes, então a gera de maneira diferente.
Beijos.

Adelino, acho que com a desculpa de dar mais liberdade aos filhos, muitos pais abdicaram do dever de dar valores e impor limites, o que não é bom. Mas foi a primeira geração que teve toda esta liberdade, certamente as próximas vão aprender com seus erros.
Abraços.

Lunna, precisamos mesmo aprender com os erros, sem abdicar das vantagens trazidas pelos acertos. Assim a humanidade vai caminhando...Espero que você faça as pazes com ela (rs) e que tenha um bom fim de semana.
Beijos.

Aninha Pontes disse...

Maria Augusta, faço minhas palavras a de todos os comentários.
Acho que mudanças são positivas, porém, também acredito que o bom senso há de ser preservado. Sem ele, mesmo o positivo pode tprnar-se negativo.
Não acho que é proibido, proibir. Acho que com bom senso, há o momento de proibir, sim, de impor limites.
Somos responsáveis pela educação e boa formação de nossos filhos, então como não colocar limites?
Quando vejo casos terríveis de violência, como o último e tõa falado caso da menina atirada pela janela, imediatamente faço a associação à falta de limites.
Há um bom tempo, as pessoas acham que podem tudo. E não podem.
Um beijo querida. Lindo final de semana prá você.

sonia a. mascaro disse...

Muito bom o panorama que você traçou da época, Maria Augusta, e bastante interessante a sua pergunta... Em 68 eu era recém-formada em jornalismo e comecei a trabalhar no Jornal Última Hora, em São Paulo (já do grupo Folhas), o primeiro jornal impresso em offset na época. Foi uma fase muito importante na minha vida, quando eu tive a certeza do que queria fazer profissionalmente. Nesses anos pude conviver com a notícia e me sentir participando de um processo. Uma curiosidade daquela época: as notícias chegavam em tiras compridas de papel... fazendo um barulho característico, que eu gostava muito de ouvir... o Telex!
Beijos!

Maria Augusta disse...

Aninha, você tem razão, a liberdade é importante mas é necessário também dar certos valores aos filhos, acredito que foi isto que faltou no caso que você citou.
Beijos.

Sonia, imagino o que deve ter sido para uma jornalista em pleno entusiasmo de lançamento da carreira toda esta movimentação de 1968. Eu me pergunto do lado da mídia, o que deve ter se passado nesta época particular da história do Brasil.
Beijos.

Isabel Filipe disse...

nessa data eu tinha 13 anos ...

e estava em África, Moçambique ... terra onde nasci ...

gostei muito do teu post ...

lembro-me bem da frase; faça amor, não faça guerra ...


beijinhos

Anônimo disse...

Essa data deve ser comemorada tb pelas mulheres, por sua luta pelos direitos ao trabalho assalariado.

bjs

Tá sumida, aconteceu alguam coisa?

Maria Augusta disse...

Isabel, esta frase realmente marcou e deu início ao período "hippie" da década de 70.
Moçambique deve ser um país muito interessante.
Beijos.

Flavia, você lembrou bem, a emancipação feminina deve muito ao movimento de maio 1968!
Com tuas mudanças de endereço do blog, estava meio perdida, porisso andei sumida. Vou reaparecer, estava com saudades.
Beijos.