segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A Granja do Solar



Este post faz parte da blogagem coletiva " proposta pelo Sam do blog Fênix ad Eternum :

Pode parecer estranho que ilustrando o tema "Direitos Humanos" eu esteja utilizando um grupo de animais. A explicação é que, há muitos anos, li o livro "A Revolução dos Bichos" de George Orwell, e cada vez que vejo a "Declaração Universal dos Direitos Humanos" não posso evitar de pensar nele.

Trata-se de uma fábula. Ela foi escrita por Orwell em 1944, para criticar a Revolução Russa, mas seus conceitos são incrivelmente atuais e se aplicam perfeitamente à descrição de qualquer regime autoritário e mesmo à essência da natureza humana.

Ela conta a revolução vitoriosa realizada pelos animais da Granja do Solar contra a exploração e opressão exercida pelo homem sobre eles. Para garantir que eles não se submeteriam nunca mais à tirania eles estabeleceram um conjunto de mandamentos, a saber :

  • Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.

  • O que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
  • Nenhum animal usará roupa.

  • Nenhum animal dormirá em cama.

  • Nenhum animal beberá álcool.

  • Nenhum animal matará outro animal.

  • Todos os animais são iguais.


No começo tudo correu bem, os animais trabalhavam ém pé de igualdade e a granja prosperava. Com o passar do tempo, no entanto, alguns animais mais "inteligentes" que os outros, no caso representados pelos porcos, resolveram assumir a liderança e governar a comunidade. E começaram a tramar e manipular para ir gradativamente se apossando de privilégios que antes eram atribuídos aos opressores, ao mesmo tempo que esmagavam as vozes que se opunham a seus atos. Por exemplo, começaram a tomar bebidas alcoólicas, comerciar com os homens , dormir em camas e principalmente exigir mais e mais dos outros animais, oferecendo cada vez menos em troca de seu trabalho. A tal ponto eles se tornaram parecidos com os homens que era impossível distinguir entre um homem e um porco, pois estes últimos passaram até a andar sobre 2 pernas. A medida que os hábitos dos dirigentes mudavam, um a um os mandamentos iam sendo "arranjados" para integrá-los, até que se tornaram :

  • Nenhum animal matará outro animal, sem motivo.
  • Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
  • Nenhum animal beberá álcool em excesso.

  • Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.


Extrapolando a "moral da história" desta fábula à nossa realidade, compreendemos melhor a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Se olharmos alguns dos seus termos tais como :

  • Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.


  • Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

  • Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Eles parecem tão óbvios, não é mesmo? No entanto a todo momento se encontram "desculpas" para distorcê-los e adaptá-los à dominação ou à opressão. Porisso ela deve ser preservada e relembrada, para que, tanto no nível familiar, como no comunitário ou estatal, estejamos sempre atentos e nunca esqueçamos o que distingue a conduta de um ser humano daquela dos "porcos".



Também participam desta blogagem coletiva :

Lino Resende, Eduardo P. L., Du, Silvano Vilela, Ceci, Osc@r Luiz, Sérgio/Histórias & Cotidiano, Ronald, Cejunior, Neptuna, Chuvinha, Daniel Fernandes, Dragonfenix, Afrodite e Vénus, Ru Correa, Titão, Ali_Se, Fábio Mayer, Samantha Shiraishi, Cássia Valéria, Janmedeiros, Fernando, Chicoelho, Andréa Motta, Jeanne, Adriana, Marco, Caco, Menina Malvada (Ou Kaka), Luci Lacey, Dácio Jaegger, Catarina Cavalcante, Tocha da Paz, Idéias Literárias, Meiroca, Enio Luiz Vedovello, Jonice, Luma, Claudia, Tita Coelho, Monica Mamede, Marie, Rafael Sarmento, Fátima André, Lamire, Fábrica dos Blogs, ISM, Clandestino, Lidianne Andrade, Juca, Xico Lopes, Francy e Carlos, Lita, Dad, Pedro Fontela, Mauricio Santoro, André Wernner, X-Man, Cármen Neves, Roseanne, Bentes, André L. Soares, Tao, Lucia Freitas, Saramar, Ricardo Rayol, Luz Dourada, Maria Lagos, Wanderley Garcia, Carlos Fran, Vinicius Cabral, Xmitzx, Pat, Je vois la vie en vert, Cristiane.


Alto da Página




28 comentários:

SAM disse...

É por isso mesmo que em Portugal o livro tem como título "O triunfo dos porcos", porque os porcos da vida, ao que parecem, acabam por triunfar.

Mas, se nós, animais comuns, usarmos os meios ao nosso alcance, poderemos impedi-los.

Obrigado pela belíssima participação!

Meiroca disse...

Guta, nao conhecia este livro.
Foi brilhante a tua ideia de compara-lo aos direitos humanos.
Tb ja' publiquei meu post.

Bjs

www.meiroca.com

Anônimo disse...

Maria Augusta,

li quando era jovem! Tenho esse livro em boa memória.
Sua postagem , apropriando-se do tema dos bichos, é muito oportuna e original, como tudo que vejo e leio aqui.

Parabéns!

Anônimo disse...

Volta e meia cito este livro em algum comentario, mas vejo que sao poucos que o conhecem. Adorei a comparacao. O tempo passou e muito pouco evoluimos. Parabens!

http://blairponjinha.blog.uol.com.br/

Luma Rosa disse...

Foi uma grande ironia de Orwell se utilizar dos bichos, as pessoas se incomodaram com a utilização de sua fábula como panfleto, como arma ideológica contra o comunismo em uma época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
Esta obra nos leva a descer do muro e refletir sobre o extremismo, de qualquer lado, que sempre culmina em atrocidades e crimes contra a humanidade.
Boa blogagem! Beijus

Ceci disse...

Maria Augusta, bom dia! Maravilhoso post, eu s� tinha not�cias do livro, agora preciso ler inteiro. Obrigada pela reflex�o, e como nada acontece por acaso, at� breve, amiga! Abra�os, abra�os.

Ceci disse...

Maria Augusta, bom dia! Maravilhoso post, eu só tinha notícias do livro citado por vc, agora preciso ler inteiro. Obrigada pela reflexão, pela visita ao Viver Melhor, pela soma nos gestos. E, como nada acontece por acaso, até breve, amiga! Abraços, abra�os.

Dragonfenix disse...

grande verdade...leiam o livro e pensem nisso...eu ja o fiz ha uns bons anos e agora ao ler este post tudo veio ao de cima. grande comparação. parabens pelo post e pela iniciativa.

Luci Lacey disse...

Maria Augusta

Nao conhecia esta livro, interessante a comparacao, vou compra-lo.

Abracos e boa semana

Renata Livramento disse...

Muito legal a sua idéia e sua analogia, parabéns!!!

Adriana disse...

Olá, Maria Augusta!

Simplesmente maravilhoso seu post, adorei a comparação e a reflexão. Não conhecia o livro, mas fiquei super interessada, obrigada pela dica!

Abraços e tenha uma ótima semana!

Adriana

Andréa Motta - Conversa de Português disse...

Excelente abordagem a do seu post! Aproveito para agradecer sua visita ao meu blog!
Um abraço!

Ví Leardi disse...

Minha querida ...que maravilha de comparação ...lindo post..Beijos.

Patricia kenney disse...

Maria Augusta,
Gostei muito da sua escolha. Definitivamente,não basta ter as leis e certificar-se do cumprimento das mesmas,é importante, além disso, estar atento as distorções feitas para a satisfação de poucos.
abraço
pat

Je Vois La Vie en Vert disse...

Bien intéressante cette fable !
Merci pour ta visite et pour ton commentaire. J'ai pu remarquer que tu fais partie des personnes qui se préoccupent des autres.
Je reviendrai te voir un de ces jours...
Bisous tout verts

Dad disse...

Muito bom o que lembraste. A fábula aplica-se completamente à situação actual. É preciso estar atento e agir, no dia a dia, de forma a não defraudar os princípios da carta que, entretanto,parece ter caido no esquecimento...

Obrigada pela visita,

Fábio Mayer disse...

Perfeito o paralelo que você traçou, infelizmente, é esse o quadro real.

Anônimo disse...

Maria Augusta
Essa blogagem foi muito importante. Afinal, os direitos humanos estão ficando cada vez mais desumanos, quando interpretado pelos desalmados...
Abs e voltarei com mais tempo

Osc@r Luiz disse...

Parfait!
Orwell só se esqueceu de incluir os insetos e aracnídeos que têm respectivamente seis e oito pernas.
Amiga querida,
Não vou dizer que me espanta, porque criatividade ao abordar, por aqui, já não é novidade alguma.
Mas e este template temático?
Contrasta com o Jardin du quais je suis habitué.
Me confesso surpreendido, mas sei que a culpa é minha por demorar a te visitar, mesmo com tamanho carinho e persistência que demonstra com os meus humildes blogs.
Adorei a visita sabe os motivos pelos quais não tenho sido mais frequente. Espero que esta fase passe logo.
Um beijo, Maria Augusta e muitos parabéns por tudo!

Lita disse...

Brilhante texto. Obrigada.

lgresende disse...

Achei ótima a lembrança de a Revolução, do Orwell, para falar sobre os direitos humanos. Há ótimas analogias entre o comportamento dos bichos e o dos homens.

Lucia Freitas disse...

Linda minha... amei a parábola, o texto e o visual natalino.
bj

Anônimo disse...

eu não li o livro, mas achei brilhante a comparação. esse seu post faz trabalhar os nossos neurônios...

Aninha Pontes disse...

Maria Augusta é lindo isso, mas tudo permanece igual né?
Todos são iguais, porém, uns são mais iguais que outros.
O homem continua a ser o lobo do homem.
Beijos querida.

Laura_Diz disse...

muito bom seu post e bem lembrado o orwell, eu li um outro livro dele este não.
Mas é tudo tão óbvio e tão injusto, não é?
eu nem lembrei da blogagem, a cabeça está a mil. Hoje fui atrás de colégio para o filho que quer mudar de escola.
bjs Laura

samegui disse...

Minha cara, sempre penso nesta idéia de Orwell, especialmente agora com o governo brasileiro. Muito boa escolha! :)

Anônimo disse...

Obrigada pela visita.Volte sempre.
bs,
Francy&Carlos

Anônimo disse...

Muito boa esse livro viu. achei que tinha tudo a ver com a blogagem.
Quantos porcos a gente não encontra pelo caminho né? rs

bjs