segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Brincando com a luz...



Uma de minhas grandes paixões é a transparência...e quando ela brinca de esconde-esconde com as luzes, as cores e a natureza, como nestas esculturas de cristal dispersadas no meio de um parque, sua beleza explode em mil brilhos e sugestões. Elas foram criados pelos artistas de Daum, Lalique, St-Lambert e St-Louis, para o jardim de cristal que já descrevi aqui...só que desta vez ele está instalado no Jardin de la Bagatelle (até 9 de novembro), perto de Paris.Não vou falar muito, só vou deixá-los apreciar...

Este post é minha contribuição para o "Post in Progress" cujo tema é "Minha Grande Paixão". PARTICIPE!

Veja também o vídeo da exposição




sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A Jornada do Patrimônio

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As Jornadas do Patrimônio acontecem na Europa no mês de setembro e permitem conhecer lugares e monumentos que ficam fechados ao público durante o resto do ano. Por exemplo, os que estavam em Paris podiam visitar o Palácio do Eliseu e alguns que foram ao Palácio de Matignon puderam mesmo apertar a mão do primeiro ministro François Fillon.

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Este ano fomos visitar uma cidade não muito distante aqui de Nancy, às margens do rio Moselle, que se chama Pont-à-Mousson. Já falei dela aqui, quando contei as visitas às exposições "Jardim de Cristal" e "Pesos de Papel de Cristal", ambas na Abadia dos Prémontrés. Mas a cidade não se resume à esta abadia, e resolvemos conhecer o interior de seus outros monumentos, começando pela Praça Duroc.

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Trata-se de uma praça triangular, rodeado de edifícios apresentando grandes arcadas, a maior parte da época da Renascença. No seu centro se encontra uma fonte, que foi rebatizada em homenagem aos soldados americanos que liberaram a cidade durante a Segunda Guerra Mundial. Nela se encontra o "ofício de turismo", a "Casa dos Sete Pecados Capitais" (não, não é o que o nome indica, atualmente é um banco) e a prefeitura. Pena que as fachadas não estão limpas o que esconde a beleza da praça. Mas no interior dos edificios é diferente...

Pois é, porque devido às Jornadas do Patrimônio pudemos entrar nas várias salas da prefeitura. É um prédio imponente e nos salões mais importantes como o lugar onde acontecem os casamentos e o salão de reunião dos vereadores são recobertos por belas tapeçarias e estátuas representando cenas da Antigüidade greco-romaine.

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Visitamos também a Igreja Saint Martin e a Igreja Saint Laurent. Na primeira, estava em exposição o altar que foi encomendado a um pintor holandês por uma grande dama da cidade, chamada Philippe de Gueldre. Ela foi esposa do duque René II da Lorena e após a morte deste entrou para o convento. O altar representa várias cenas bíblicas com uma riqueza de detalhes impressionante. Tivemos a sorte de la encontrar o autor de um livro que fala sobre ele, que não poupou explicações sobre a obra, o que acrescentou uma outra dimensão à nossa visita.

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A outra igreja, que se ergue majestosa às margens do rio Moselle, com suas torres hexagonais sobre bases quadradas, tem uma fachada toda trabalhada como uma renda. No seu interior, o que mais chama a atenção é um conjunto de esculturas representando o sepultamento de Cristo, rodeado pela Virgem Maria e pelos apóstolos. Os vitrais desta igreja são suntuosos, representando cenas bíblicas.

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Terminamos a visita pelo Museu "Au Fil du Papier", onde acompanhamos a história da ascensão e da queda da indústria do "Papier Maché" na cidade, na época na qual se fazia desde caixinhas até móveis com papel maché...e que foi destronado pelo advento do plástico no mundo. Os objetos expostos apresentam belos motivos florais a maioria de inspiração oriental. Pont-à-Mousson foi o berço e é a sede da empresa de canalizações Saint Gobain, uma gigante que tem filiais no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Sua evolução também está representada em uma das salas do museu.

Aprendemos muito sobre Pont-à-Mousson, e com o que já sabemos e todas as fotos que temos daria até pensamos em fazer um livro...ou um site, ou um CD...vamos ver!

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

O Tempo no Espaço

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Que horas são? Il est cinq heures, Paris s'éveille (São cinco horas, Paris desperta), diz a canção. Mas para que esta pergunta clássica tenha sentido deveríamos acrescentar "aonde" e para saber se é dia ou noite precisaríamos também conhecer a latitude e a estação do ano...você já pensou o que está fazendo sua amiga que mora no Japão, por exemplo, quando você está se levantando? E quem nunca ficou acordado até altas horas para ver um acontecimento que se passa no outro lado do mundo, como os últimos Jogos Olímpicos? Ou ficou derrubado devido à diferença de fuso horário quando fez uma viagem?


(passe o mouse para ver a hora nos vários países)

Isto acontece porque a Terra foi dividida em 24 fusos horários, tendo como ponto de partida o meridiano de Greenwich que passa em Londres, e que permite a cada país de ajustar seus horários ao horário solar. E o interessante é que existe no Pacífico uma região de mudança de data (felizmente não habitada), na qual você ganha um dia se a atravessa no sentido oeste-leste e perde um dia se viaja no sentido contrário (lembram do livro "A Volta ao Mundo em 80 Dias", de Júlio Verne?)

Dizem que o tempo não pára. Pois no diaporama abaixo, nós vamos fixá-lo e nos deslocarmos no espaço, dando uma volta ao mundo para ver o que está acontecendo nos vários pontos da Terra quando em Londres, que é o ponto de partida para determinar a hora no mundo, são 6h da manhã...Vamos lá?



Update 23/09/2008

Gilrang, a quem agradecemos, deixou o seguinte comentário sobre o tempo :

"...ainda hoje discutia com um amigo sobre a navegação na época dos descobrimentos e a orientação pelos astros e estrelas com o sextante e o astrolábio. o tempo e a sua medição foram fundamentais para que o posicionamento fosse algo próximo do real. ao contrário dos GPS de hoje, em que várias medições de posição em relação aos satélites são quase simultâneas, naquela época, as medições eram feitas com intervalos de até cinco minutos de diferença entre si, o que tornava o posicionamento bastante impreciso.

em la isola del giorno prima (a ilha do dia anterior), umberto eco relata as dificuldades que as imprecisões na medição do tempo causaram aos navegantes que cruzavam a linha de mudança de data.

mas o incrível de tudo isso é ver que, no fim, o tempo é como um poeta que deixa as marcas da sua poesia em tudo o que ele toca..."


E a Jugioli (merci, Ju) disse :

"...para falar do tempo, que segundo a simbologia é simbolizado pela Rosácea, pela roda, com seu movimento giratório, pelos dozes signos do Zodíaco, que descrevem o ciclo da vida. Sei por uma amiga astrológa... e adoro essa idéia do círculo, onde o centro nos rege e mantém, um começo e um fim."


E falando em tempo, o texto abaixo faz parte da introdução da emocionante série "As Aventuras de Arnaldo Rocha - Elétrico 15", de autoria do Jorge Pinheiro, que é publicada às terças e sextas-feiras simultaneamente no "Expresso da Linha" em Portugal e no "Varal de Idéias" no Brasil.

"Como dizia Santo Agostinho, o tempo não existe: o passado já passou; o futuro ainda não chegou; o presente acabou de passar. Arnaldo Rocha é um agente especial da poderosa 'Organização' que tenta, desesperadamente, criar o 'Quinto Império', a união do norte e do sul, do leste e do oeste. Arnaldo Rocha percorre o tempo atrás do mito."




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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Camille Claudel, Estatuária



Camille Claudel, desde que vi sua exposição no mês de julho em Paris, tive vontade de escrever sobre ela. Sua história é surpreendente, vendo de perto suas obras fiquei pensando como ela pode ter sido negligenciada durante quase um século.


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Sim, porque ela ficou no ostracismo até os anos 80. Segundo sua sobrinha-neta, que ajudou a reabilitar sua memória, seu nome foi banido no mesmo no seio de sua família, que a internou em um asilo de loucos e a isolou do mundo durante os 30 últimos anos de sua vida.

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E sua obra, como pôde ter sido ignorada? Em primeiro lugar, ela foi eclipsada pela fama de seu grande mestre e amante Auguste Rodin. Imaginem que diziam de suas obras que eram realizadas por ele e ela só começou a ser reconhecida depois de sua separação. Ela foi recebeu a sombra do talento do irmão, Paul Claudel, grande escritor da literatura francesa. E por ironia, sua obra foi também ofuscada pelo seu próprio destino : desde que começaram a sair livros sobre sua vida na década de 1980, assim como o filme protagonizado por Isabelle Adjani, sua vida trágica ficou sendo mais conhecida que sua obra.

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Esta exposição de Paris e as outras que tem percorrido a França tentam corrigir esta lacuna. Embora possa se dar uma interpretação autobiográfica a algumas de suas obras, como "A Idade Madura", onde se vê uma mulher velha arrancando um homem à uma jovem ajoelhada que estende os braços como se estivesse implorando( a leitura dada desta obra é que ela representa a mulher de Rodin que o arranca aos braços de Camille), pode-se também apreciar nelas o movimento, a forte expressão de cada gesto e de cada rosto e as curvas vertiginosas lembrando a "art nouveau" da Belle Epoque, período no qual ela viveu durante o exercício de sua arte.

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E como curiosidade, o fundo musical com "O Mar" de Debussy lembra que Camille viveu um romance com este músico, mas o abandonou, pois seu grande amor era mesmo Rodin...um amor que a destruíu!


Para saber mais sobre Camille Claudel :

Site de sua sobrinha-neta Reine-Marie Paris
Associação Camille Claudel

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Saber Amar

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SOLIDARIEDADE

Murilo Mendes

Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista.
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança


Eu acho que não podemos ensinar ao ser humano o que é a solidariedade...ela faz parte de sua definição, um ser humano digno deste nome, contrariamente aos selvagens, não exerce a "lei da selva", ele ajuda seus semelhantes mais fracos a vencer suas dificuldades, e isto lhe confere um status diferente em relação aos outros seres vivos. Pena que ela se manifesta principalmente quando acontecem catástrofes, ou quando o Natal se aproxima ou quando se encontra sob a luz dos projetores. E na vida de todos os dias temos tantas oportunidades de exercê-la : ajudar um cego a atravessar uma rua, ou um velhinho a subir uma escada, emprestar um ouvido atento a alguém que está triste, ou mesmo sorrir podem trazer momentos de alento aos que estão carentes.


Saber sorrir, A uma pessoa desconhecida que passa Sem guardar nenhum traço Que não seja o do prazer Saber amar Sem nada esperar em troca Nem atenção, nem grande amor, Nem mesmo a esperança de ser amado, Mas saber ofertar Ofertar sem retorno Somente ensinar Ensinar a amar Amar sem esperar Amar para tudo obter, Ensinar a sorrir Simplesmente pelo gesto, Sem querer o resto, E ensinar a Viver E ir embora. Saber esperar, Experimentar esta felicidade plena, Que se recebe como por engano. De tal forma já não se esperava mais. Se ver acreditando nisto para enganar o medo do vazio Ancrado como tantas rugas Que estragam os espelhos Saber sofrer Em silêncio, sem murmúrio, Nem defesa nem armadura Sofrer tanto que se quer morrer E se reerguer Como se renasce das cinzas Com tanto amor para revender Que o passado é esquecido. Ensinar a sonhar A sonhar por dois Simplesmente fechando os olhos, E saber dar Dar sem rasura Nem meia medida Ensinar a ficar. Querer até o fim Ficar apesar de tudo, Ensinar a amar, E ir embora.

Mas muitas vezes a solidariedade precisa ser organizada, fazer parte de um contexto onde um grupo atua ao mesmo tempo para resolver um problema específico, como é o drama da Flavia que vive em coma vigil ha 10 anos e de sua família. Não vou entrar nos detalhes da questão, para quem ainda não conhece a situação, sugiro que visitem o blog da Odele, mãe da Flavia, que apresenta todos os detalhes desde o início. O que eu gostaria é de fazer aqui um apelo para que casos assim sejam tratados em prioridade e com justiça pelo Supremo Tribunal Federal, pois o que está em jogo é o direito a condições de vida (?) digna para esta menina, cuja infância foi ceifada pela negligência de profissionais irresponsáveis. E um pouco de tranqüilidade para sua família, para que ela, além de sofrer por ver a filha neste estado, não tenha também que enfrentar problemas materiais para seu tratamento.

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Imagem criada e gentilmente cedida pela Vi

Além deste lado que depende da Justiça eu coloco uma pergunta : o que a legislação brasileira prevê para as pessoas com deficiências pesadas? Elas e suas familias recebem ajuda material e psicológica para enfrentar a situação? Não se trata de esmola ou de assistência, pois eles relamente não podem trabalhar. Será que nenhum político ainda abraçou esta causa? Pois isto é solidariedade, e é a marca de um país desenvolvido, que não deixa seus filhos mais carentes à margem do caminho da dignidade, simplesmente porque a fatalidade os alcançou.

PhotobucketBlogagem Colectiva para Flávia em 9/Set/2008

Este post faz parte da Tertúlia Virtual promovida pelo Varal de Idéias e pelo Expresso da Linha e também da blogagem coletiva promovida pela Odele, do blog "Flavia, 10 anos vivendo em coma"





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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Gênese ou Apocalipse?

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Já há algum tempo na blogosfera e nestes dias em toda a imprensa fala-se muito no novo e gigantesco acelerador de partículas do CERN (Organização Européia para a Pesquisa Nuclear), que começou a funcionar nesta semana, visando descobrir os segredos da criação do mundo, inclusive a "partícula divina", que é o que falta nos modelos atuais de descrição da matéria e do universo para validar as teorias existentes sobre esta.

Houve muito barulho em torno desta máquina, pois seus detratores apontaram o risco de que ela poderia provocar um mini "buraco negro", que engoliria a Terra provocando assim o "fim do mundo", se um erro de calculo ou de manipulação fosse cometido, o que foi formalmente desmentido pelos cientistas do CERN. Em todo caso, é um projeto gigantesco envolvendo cientistas de centenas de nacionalidades diferentes.

Encontrei um diaporama explicando em linguagem normal no que consiste este projeto, e o traduzi para que possamos entrar na intimidade deste gigante (clique nas setas para ver as outras páginas e me avisem se encontrarem problemas, é a primeira vez que faço um diaporama "caseiro") :




O que vocês acham, será que querendo descobrir os segredos da gênese, os homens vão encontrar o apocalipse? Esperemos que não...

Fonte dos dados do diaporama : CERN

Leia mais :

Parceria brasileira com o CERN
Leia o que foi publicado sobre o LHC na Folha de São Paulo
Sobre o bóson de Higgs

A Marialynce, do Polia'Blog também escreveu sobre o assunto :

LHC : Em busca da partícula final



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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

No tempo dos cavaleiros...

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Vianden com seu belo castelo é uma cidade simbólica para nós, pois foi o primeiro passeio que fizemos juntos. De vez em quando voltamos lá, não é muito longe de Nancy, pois como estamos no nordeste da França, a fronteira com Luxemburgo onde esta cidade se situa fica próxima. Há algumas semanas a visitamos para ver o "Festival Medieval" e descrevo aqui nosso passeio.

O País...Luxemburgo é um pequeno país apertado entre a Bélgica, a França e a Alemanha, que possui menos de 500000 habitantes e no entanto fala 3 línguas (francês, alemão e luxemburguês) . É um grande-ducado constitucional (como curiosidade, a grande-duquesa .é latino-americana, de Cuba e se chama Maria Tereza). É um dos países mais ricos da Europa, grande centro financeiro, muitos franceses vão trabalhar lá porque os salários são mais altos que na França...

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A Cidade...Vianden é uma cidade turística, cujas atrações principais são seu castelo no alto do rochedo que domina a paisagem, um lago artificial que regula a produção de eletricidade, o rio Our que a atravessa e a casa de Victor Hugo. Pois é, o escritor dos "Miseráveis" morou apenas durante alguns meses mas sua casa é uma atração local. Possui também o "Museu de Arte Rústica" e o pequeno "Museu da Boneca e do Brinquedo". Neste, uma vez comprei uma boneca antiga que é uma graça, a cara da minha irmã quando criança...

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O Castelo...ele é magnîfico, quando nos aproximamos da cidade, fazemos uma curva na estrada e ele aparece diante dos nossos olhos no alto do rochedo...é um verdadeiro espetáculo, principalmente quando chegamos la à noite. Começou a ser construído pelos romanos, e a maior parte de suas edificações data da Idade Média. Há 30 anos era um ruína, e graças a uma associação foi completamente restaurado. Ele pertencia à família do grã-duque, e agora pertence ao paiís. Descobri durante uma visita que o Maurício de Nassau que comandou os holandeses quando invadiram o Brasil fazia parte desta família...

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O Festival Medieval...ele acontece durante o mês de agosto e reúne a população local e os turistas no castelo. Nele ocorrem combates de cavaleiros medievais, apresentação de trovadores e menestréis, jogos e atrações medievais além de uma feira onde se encontra roupas, objetos e artesãos trabalhando como na Idade Média. Os participantes se vestem a caráter e se vê de tudo, desde "mendigos", mágicos, cavaleiros, enfim tudo que possa evocar a Idade Média.

Foi um belo passeio, o dia estava ensolarado, a cidade e o castelo fervilhavam de turistas e de animação...se quiser segui-lo conosco clique no painel abaixo para ver o diaporama no Picasa.

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Veja também :

Vídeo sobre a cidade de Vianden

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sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A Civilização Perdida da Amazônia

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Durante esta semana recebi no noticiário da FAPESP duas notícias sobre a Amazônia que me chamaram a atenção. A primeira dizia "Cai desmatamento na Amazônia"! A primeira vista é animador, mas lendo o artigo constata-se que o desmatamento de 323 km2 do mês de julho é inferior aos 870 km2 do mês anterior...ainda estamos longe do "desmatamento zero"! A segunda notícia intitulada "Amazônia antiga e urbana", eu a achei surpreendente...

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Aldeia atual dos índios Kuikuro no Alto Xingu

Ela relatava que equipes de cientistas brasileiros e americanos, com a ajuda dos índios Kuikuri do Alto Xingu, encontraram evidências de que a Amazônia já foi habitada por populações sedentárias que se organizaram em assentamentos de até 5000 pessoas, com represas e lagos artificiais para criar peixes (os atualmente analisados teriam sido formados entre 1250 e 1650). Esta(1) e outras fontes (2,3,4) relatam que estes povos produziram cerâmicas, abriram clareiras na floresta para praticar a agricultura e gerenciaram a floresta de modo a otimizar o equilíbrio entre área plantada, clareiras abertas e mata natural. Logo, afirmam eles, até 10% da floresta amazônica não seria tão virgem assim, mas teria sido manipulada por estes índios pré-colombianos. E que os Kuikuros seriam os descendentes diretos destes povos.

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Reconstrução da aldeia da civilização pré-colombiana no Alto Xingu

Estes teriam construídos redes de cidades e vilarejos interconectados por estradas bem projetadas, algumas com 45 m de largura, com uma praça central onde eram conduzidos rituais. Como não dispunham de pedras para construiur como os incas, maias ou os astecas, eles usaram a madeira, a argila, ossos de animais e outros materiais que se degradam facilmente com o calor e a umidade, o que explicaria os poucos vestígios encontrados de sua existência. Eles não praticavam a monocultura, mas plantavam de forma diversificada.

Os vestígios destes povos pré-colombianos na região amazônica são encontrados desde a Bolívia e entram pelo território brasileiro. Escavações realizadas na Ilha de Marajó demonstraram que nela viveu uma comunidade de aproximadamente 100000 pessoas...que deixaram como marca de sua passagem simplesmente alguns cacos de cerâmica...e a floresta intacta e ainda mais luxuriante que em outros lugares, contrariamente ao que acontece quando existem aglomerações humanas. Como isto seria possível? A explicação está na "terra preta dos índios".

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Solo comum (esquerda) e solo de terra preta (direita) (5)

Este tipo de terra, que contrariamente ao solo pobre do resto da Amazônia, é muito fértil, ocorre em pequenas "glebas" em lugares onde existem evidências de passagem humana, e se concluíu que ela é de origem antropogênica (criada pelos humanos). Acredita-se que ela tenha sido preparada por estes habitantes pré-colombianos da Amazônia, misturando carvão e ossos de animais para formar um híbrido altamente fértil, o que teria permitido a prática da agricultura na região amazônica. O grande interesse destas pesquisas é sem dúvida entender para tentar reproduzir a forma de interação destes povos com a floresta, na qual viviam sem degradá-la, o que se constitui em um grande passo na direção da sustentabilidade.

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Distribuição atual da terra preta legada pelos indios pré-colombianos

A grande pergunta é : "O que aconteceu com estes povos?" Pois como eles viviam principalmente ao longo dos rios, por onde chegaram os europeus, foram em grande parte dizimados pelas doenças trazidas por estes. Calcula-se que 90% da população amazônica desapareceu nos primeiros anos que seguiram o contato com os europeus.

Achei tudo isto muito rico de lições. Em primeiro lugar, se isto for verdade, significa que os seres humanos podem interagir com o meio ambiente sem devastá-lo e mesmo o enriquecendo. Em segundo lugar, fica uma questão "transcendental" : medimos o avanço de uma civilização pelos monumentos, objetos, escritos que elas nos deixaram...mas isto não estaria em conflito com o conceito de "pegada ecológica" pois estas realizações foram feitas às custas da transformação da natureza? Para o planeta Terra, não seria mais interessante estes povos que passaram e o deixaram a natureza como ela é? A civilização seria incompatível com a ecologia?



Este post faz parte da blogagem coletiva comemorativa do "Dia da Amazônia", organizada pelo "Faça a Sua Parte". Para se inscrever e visitar os outros participantes, clique na imagem abaixo :


Faça a sua parte




Fontes :

(1) Amazônia antiga e urbana
(2) Pre-Colombian Amazon tribes lived in susteinable "garden cities"
(3) Um modelo de ocupação sustentável da Amazônia
(4) Pre-Colombian Amazon supported millions of people
(5) The Black Earth of Amazon



terça-feira, 2 de setembro de 2008

O Santuário da Natureza

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Você já imaginou se a natureza fosse deixada entregue a ela mesma, sem intervenção da espécie humana, o que aconteceria? Seria um inferno ou um paraíso e para quem? Pois este lugar existe e se chama Aldabra, um atol que pertence às ilhas Seychelles, situado no Oceano Índico ao leste da Tanzânia e ao norte de Madagascar, onde a implantação do homem não foi possível devido à ausência de água doce, e sua ação é quasiment inexistente sobre o ecossistema do atol.

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O primeiro documento que fala deste arquipélago é português e data de 1511, em seguida ele foi citado por Darwin que solicitava sua proteção e Jean-Jacques Cousteau, que nele filmou "O Mundo do Silêncio". Segundo os cientistas, este atol imergiu das profundezas do oceano há 125000 anos e permaneceu praticamente isolado, evoluindo um ecossistema próprio, dinâmico e em equilíbrio, com sua laguna que se preenche e se esvazia segundo a maré, seus canais que a ligam ao mar, o recife em anel com seus corais e sua vegetação característica dos manguezais.

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Neste ecossistema onde não existiam os predadores mamíferos (o único mamífero endêmico é o morcego), é o reino dos répteis, principalmente das tartarugas. Estas, tanto as espécies terrestres onde se destaca a tartaruga gigante com mais de 100000 exemplares, quanto as marinhas, que fazem uma parada no atol para se reproduzirem. No entanto, a introdução de cabras, ratos e gatos no século XIX, apesar de que depois foram retirados, chegou a afetar o equilíbrio das espécies nativas, pois as cabras comiam a vegetação rasteira que era o alimento das tartarugas.

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Quanto aos pássaros, Aldabra é um local importante de reprodução para as fragatas, que com suas grandes asas de até 2 metros de envergadura fazem acrobacias aéreas no céu do arquipélago. As garças, assim como os atobás também povoam o atol, assim como as "frangas d'água", que perderam a capacidade de voar durante seu ciclo de evolução.

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Em relação aos peixes, estas águas são um verdadeiro refúgio para os tubarões, que estão em extinção no mundo inteiro, mas aí eles encontram um refúgio seguro. Entre as espécies presentes, destaca-se o tubarão de pontas negras, que se alimenta de peixes.

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Existem também mais de 1000 espécies de insetos, dos quais 38% são endêmicos, as borboletas e mariposas se constituindo em 125 destas espécies. Os caranguejos, os morcegos, moluscos , também encontraram em Aldabra condições propícias para seu desenvolvimento.

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Para proteger este paraíso, que é considerado reserva especial pela UNESCO, criou-se uma fundação, que luta para garantir a preservação do isolamento da ilha e vai estudá-la para verificar este sistema único no mundo se comporta. O turismo no atol é altamente regulamentado e caríssimo, não existem hotéis nem campos de pouso em Aldabra.


Atualmente está ocorrendo uma grande exposição em Paris no Museu de História Natural sobre este arquipélago. Eu me pergunto se esta exposição e mesmo a fundação que deseja protegê-lo e fala a respeito para angariar fundos com esta finalidade, não provocariam um efeito contrário ao desejado, atraindo para lá as pessoas desejosas de conhecer (ou de alguma forma explorar esta biodiversidade) e rompendo assim o frágil equilíbrio estabelecido pela natureza durante milênios...



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Este post faz parte da blogagem coletiva "Ecological Day" promovida pela Sonia do "Leaves of Grass" que ocorre no segundo dia de cada mês. Participe!

Fonte das fotos : Fundação Aldabra

Para saber mais :

Site da Fundação Aldabra
Site do Muséum National d'Histoire Naturelle
Site Terra Nova



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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

As Flores do Éden



Estas pequenas flores brancas que são minha contribuição para o Today's Flowers desabrocham no paraíso...é verdade, trata-se de um lugar onde a natureza é entregue a ela mesma, sem a intervenção dos seres humanos, formando um santuário único no mundo onde os pássaros, os répteis e os peixes cohabitam em harmonia ...quer saber onde é? Volte amanhã, para ver o post do "Ecological Day"!

These little white flowers bloom in a paradise...that's true, it's a place where nature left to herself , without human participation, has created a sanctuary unique in the world, where birds, reptiles and fishes live together in perfect harmony...would you like to know where is this paradise? Come back tomorrow, to see my "Ecological Day's" post.



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