sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Camille Claudel, Estatuária



Camille Claudel, desde que vi sua exposição no mês de julho em Paris, tive vontade de escrever sobre ela. Sua história é surpreendente, vendo de perto suas obras fiquei pensando como ela pode ter sido negligenciada durante quase um século.


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Sim, porque ela ficou no ostracismo até os anos 80. Segundo sua sobrinha-neta, que ajudou a reabilitar sua memória, seu nome foi banido no mesmo no seio de sua família, que a internou em um asilo de loucos e a isolou do mundo durante os 30 últimos anos de sua vida.

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E sua obra, como pôde ter sido ignorada? Em primeiro lugar, ela foi eclipsada pela fama de seu grande mestre e amante Auguste Rodin. Imaginem que diziam de suas obras que eram realizadas por ele e ela só começou a ser reconhecida depois de sua separação. Ela foi recebeu a sombra do talento do irmão, Paul Claudel, grande escritor da literatura francesa. E por ironia, sua obra foi também ofuscada pelo seu próprio destino : desde que começaram a sair livros sobre sua vida na década de 1980, assim como o filme protagonizado por Isabelle Adjani, sua vida trágica ficou sendo mais conhecida que sua obra.

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Esta exposição de Paris e as outras que tem percorrido a França tentam corrigir esta lacuna. Embora possa se dar uma interpretação autobiográfica a algumas de suas obras, como "A Idade Madura", onde se vê uma mulher velha arrancando um homem à uma jovem ajoelhada que estende os braços como se estivesse implorando( a leitura dada desta obra é que ela representa a mulher de Rodin que o arranca aos braços de Camille), pode-se também apreciar nelas o movimento, a forte expressão de cada gesto e de cada rosto e as curvas vertiginosas lembrando a "art nouveau" da Belle Epoque, período no qual ela viveu durante o exercício de sua arte.

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E como curiosidade, o fundo musical com "O Mar" de Debussy lembra que Camille viveu um romance com este músico, mas o abandonou, pois seu grande amor era mesmo Rodin...um amor que a destruíu!


Para saber mais sobre Camille Claudel :

Site de sua sobrinha-neta Reine-Marie Paris
Associação Camille Claudel

Alto da Página

21 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia querida!
Eu particularmente nao a conhecia, e nao da' imaginar o por que a autora destas preciosidades ficar tanto tempo no anonimato.

Bjs

Anônimo disse...

Maria Augusta,

Camille não é PRÓPRIAMENTE uma anonima, como disse a querida Meire, mas não tem o seu nome no nível que deveria. Eu pessoalmente acho que influenciou seu MESTRE e AMANTE a ponto dele ter tido ciúme da sua arte, e fez com ele o que fez! Camille é o máximo! Rodin que me perdoe!

Anônimo disse...

Bom dia Maria Augusta. Que belo tema o de hoje (mas isso não é uma novidade por aqui). Bem, confesso-te que não sei quem admiro mais: a arte ou a vida Camille Claudel.

Ela deixou sua família por amor a Rodin. Durante anos viveu basicamente a serviço de seu mestre. Eu sou sincera em dizer que ao apreciar a obra dos dois fico em dúvida quanto a quem influenciou quem porque a obra de um e de outro são tão próximas. Além disso, Camille Claudel enfrentou duas grandes dificuldades: de um lado, Rodin não conseguia decidir-se em deixar Rose Beuret, sua companheira devotada desde os primeiros anos difíceis, e de outro lado, alguns afirmavam que suas obras eram feitas por seu próprio mestre. E eu acho que o afastamento fez muito mal a ela, o que a levou a uma certa paranoia, ela viveu ao mesmo tempo o amor e o ódio por um homem a quem ela seguia amando. E fico eu a imaginar como foi passar trinta anos em um manicômio. Me dá arrepios. Enfim, pra mim ela é, sem dúvida, a maior escultora da segunda metade do século XIX, e da primeira metade do século XX.

Ps. Antes que eu me esqueça. Deixei um presentinho pra ti lá no Acqua. Espero que gostes, sei que já deve tê-lo ganho, afinal, seu blog é singular a muitos que aqui vêem. Mas é uma lembrança minha pelo prazer que sinto em ler suas palavras. Abraços meus e bom fim de semana...

sonia a. mascaro disse...

Um belo post e uma sensível homenagem a Camille Claudel. Seus post são sempre ótimos, Maria Augusta!

Há tempos assisti o filme Camille Claudel com a maravilhosa Isabelle Adjani como Camille e com o telentoso Gérard Depardieu como Rodin. Seu post de hoje me motivou a rever o filme.

Beijos e um ótimo final de semana.

Alexandre Kovacs disse...

Maria Augusta, só mesmo você para publicar um texto que trata de arte com tanta sensibilidade e ainda consegue essas ligações com a literatura e música. Fiquei "preso" na sua postagem um bom tempo. Parabéns!

Só- Poesias e outros itens disse...

Queria Maria Augusta,
Estou aqui com os olhos arregalados. Uma beleza os trabalhos desta incrível mulher.
Parabéns por sua extrema sensibilidade em nos trazer tanto beleza.

bjs.

JU Gioli

Unknown disse...

Interessante e triste a história dela!
Que bom que ela está sendo reconhecida!

Maria Augusta disse...

Meire, sua obra foi ofuscada principalmente pela do Rodin, que era muito mais "mediático", uma pena. Quando ela morreu, foi enterrada como indigente...
Um beijo.

Eduardo, concordo com você, acho suas obras mais expressivas que a do Rodin, além disto ela punha "a mão na massa" e esculpia ela mesma, enquanto ele só modelava e os aprendizes realizavam seus trabalhos.
Abraços.

Lunna, obrigada pelo presente e por esta descrição tão bem feita da história de amor e ódio entre a Camille Claudel e o Rodin.
Um beijo.

Maria Augusta disse...

Sonia, a Isabelle Adjani tem uma semelhança física com a Camille Claudele e é apaixonada por sua obra, o filme é realmente ótimo, vale mesmo a pena ser revisto.
Um beijo.

Kovacs, obrigada, ela viveu em uma época na qual Paris merecia mesmo ser chamada de "Cidade Luz", no meio de grandes artistas e literatos.
Um abraço.

Ju, os trabalhos dela são belíssimos mesmo.
Um beijo.

Ma, felizmente sua sobrinha-neta resolveu trazer à luz sua história e principalmente sua obra, que estava esquecida.
Obrigada pela visita e volte sempre.
Um abraço.

Entre "linhas" disse...

E assim se recordam grandes talentos que fizeram "história" na sua época,uma grande obra que não deve ser descurada.

Bom fim de semana
Bjs Zita

Aninha Pontes disse...

Maria Augusta querida, que peças belíssimas!
Realmente surpreendente coisas assim ficarem tanto tempo no anônimato.
Talvez pelo que o Eduardo tenha dito mesmo, medo da concorrência, embora não podemos negar o valor de Rodin, mas há pessoas que não suportam o sucesso do outro.
Um beijo e bom final de semana.

Ví Leardi disse...

Querida....em final de curso superior o assunto que escolhi foi a vida e obra desta fabulosa e torturada artista,desde menina sua história me fascina...Concordo com o Eduardo acho que o ciúmes de Rodin em relação ao seu trabalho fez com que ele se "vingasse" a rejeitando a ponto de levala-la á loucura...Terrível o ser humano e suas vaidades.Pelo menos agora realizam a grandeza de sua arte...
mil beijos ..maravilha de assunto e um ótimo fim ade semana ...

Francine Esqueda disse...

Olá querida... Vim fuçar... desculpa a demora!
Até que enfim... Depois da semana agitada estou de volta à internet.
Sempre bom passar aqui!
Agradeço sua visita e os comentários!
Bom fim de semana.
Abraços

Maria Augusta disse...

Zita, felizmente ela foi redescoberta, para nossa sorte pois podemos assim apreciar suas obras.
Um abraço.

Vi, pois é, quando o discípulo ultrapassa o mestre acontecem estes dramas. E no caso deles, foi ainda mais complicado devido à ligação amorosa, ela foi frustrada tanto no amor quanto no reconhecimento artístico. Não é de se espantar que acabou louca...que tristeza!
Beijos.

Francine, obrigada pela visita e pelo comentário.
Um abraço.

P.AP disse...

Bom dia!
Gosto imenso do seu blogue!
Estimulou ainda mais a minha vontade de ir a Paris!
O primeiro teste que dei aos meus alunos falava precisamente de Isabelle Adjani e do seu papel enquanto Camille Claudel.
Obrigada por divulgar a cultura francesa!
Beijinhos

Ví Leardi disse...

Te mandei um convite por e-mail...Aguardo ansiosa (Rsrs....)
beijos

Celia disse...

M.Augusta, que pecas mais lindas. Incrivel ficarem tanto tempo no anonimato. Sao belissimas mesmo. Otimas as informacoes sobre Camille Claudel. Eu nao a conhecia. Boa semana. Bj

Maria Augusta disse...

Borrão, como moro na França e falo sobre as coisas que me cercam, uma grande parte deste blog é dedicada à cultura francesa. Que bom que gostou!
Um abraço.

Vi, fiquei muito honrada com teu convite, torço para que tudo dê certo. Um grande beijo.

Célia, que bom que você descobriu Camille Claudel aqui no Jardin. Beijos.

Luma Rosa disse...

Sempre quis assistir ao filme, mas não sei porque cargas d'água sempre me esqueço de pegar.
Aconteceu uma exposição no museu de artes do Espírito Santo, acho que em 2005, não estou bem lembrada e o mais interessante foi a monitoração para deficientes visuais. As esculturas de Camille, Rodin e Alfred Boucher foram emprestadas da pinacoteca de São Paulo e Instituto Brennand. Foi a única vez que me aproximei mais da obra de Camille. A vida em si, sei bem pouco, uma vida angustiante e morte solitária. Boa semana! Beijus

Anônimo disse...

Maria Augusta,

o Jorge do EXPRESSO DA LINHA esta dando dentro de horas um LIVRO de sua autoria , ou uma ESCULTURA, idem, ao NAVEGANTE de número 50 000. Ainda dá tempo....

Abçs

Anônimo disse...

A Lu tinha razão, esse post é muito interssante mesmo. Vi uma exposição dela no Centro Cultural Banco do Brasil há alguns atrás e lá teve uma palestra sobre ela. Fiquei encantada com o trabalho dela. Achei muito legal poder ler mais sobre ela.