domingo, 6 de janeiro de 2008

O Manjar dos Reis


Adoração dos Reis Magos - Giotto

Encerrando os posts falando sobre as tradições natalinas, chegamos à festa da Epifania, ou Dia dos Reis. Descobri, preparando este post, que esta festa foi por muito tempo confundida com o nascimento de Cristo e até hoje em alguns países como a Espanha, é considerada como mais importante que o Natal, e são os Reis Magos e não Papai Noel quem traz os presentes. O nome Epifania, que em grego quer dizer aparição, corresponde à apresentação do menino Jesus aos Reis Magos, a João Batista para seu batismo e também mais tarde a seus apóstolos, com o milagre de Cana (multiplicação dos peixes). Apesar de que a Igreja comemore desde 1969 a Epifania no segundo domingo depois do Natal, dia 6 de janeiro ficou popularmente conhecido como a festa da Epifania, e mais ainda, como o Dia dos Reis Magos. Mas quem são estes famosos Reis Magos?

Até hoje, ninguém sabe ao certo, alguns dizem que eles vinham do Oriente, outros da África, que eles eram sábios e errantes. Representando os 3 continentes conhecidos na época do nascimento de Cristo (Ásia, Europa e África)eles ofereceram ao Rei dos Judeus nascido em Belém seus presentes. Melchior, o mais velho, ofereceu ouro, presente dos reis. Baltazar ofertou a mirra, símbolo da renascença e Gaspar, o mais novo, trouxe o incenso, que era o presente dos deuses e mestres.




Aqui na França a tradição diz que na festa da Epifania deve-se comer a "Galette dos Reis". Trata-se de uma torta de massa folhada (para o norte da França, no sul é um brioche em forma de coroa recheado com frutas cristalizadas) recheada com um creme de amêndoas. Delícia pura! O mais interessante é que no meio do recheio é colocada uma "fava". Aquele que encontrar a fava no seu pedaço será declarado o Rei e deverá escolher sua Rainha (ou vice-versa). Logo quando se compra a galette ela vem sempre acompanhada de uma coroa. O momento de cortar a galette é uma festa entre amigos, em família ou nas empresas. Imaginem o suspense para ver quem vai achar a fava na sua fatia...e para ver quem ele(a) vai escolher como rei ou rainha!

Para mim, o mais interessante é a fava em si (exemplo à esquerda*). Não se trata de um feijão, em geral elas são de plástico ou de porcelana representando coisas ou pessoas da tradição local. Aqui em Nancy saíram séries reproduzindo os vasos de cristal da época "art-nouveau", os objetos esmaltados de Longwy, e cada confeiteiro apresenta seus modelos. Algumas são raras e caríssimas, verdadeiros objetos de coleção, tudo muito bem feitinho e bem pequeno, para poder entrar no meio da torta. Uma gracinha, como já estou aqui há vários anos, já estou virando uma fabófila (colecionadora de favas), veja alguns exemplos de série de favas no diaporama abaixo.




Receita da "Galette dos Reis"
Vídeo da preparação da "Galette dos Reis"

*fava modelo "Ouro Negro" em porcelana de Limoges, de Bernardaud


26 comentários:

Aninha Pontes disse...

Maria Augusta, sempre nos presenteando com suas histórias fantásticas e cultas.
Adorei a história da Gallete do Rei.
Agora, será que comer a fava feijão, também dá sorte?
Porque estou com uma bela colheita deles aqui em casa. Plantei e agora está na época de colher.
Vou fazer com galinha essa semana.
De repente estou fazendo algum ritual e nem estou sabendo.
Brincadeira, acredito na minha força, e no cuidado que Deus tem comigo, isso sim.
Um beijo querida.

Cris disse...

Oi Maria Augusta,

amei seu post de hoje, eu sinceramente nao fazia ideia da historia dessa data.

Amei tb as favas! Sao lindas!!! Eu sempre sou a rainha quando o assunto é galette, mas as favas sao sempre com a marca da padaria que compramos a galette, falta de sorte! =)

Beijao e otimo 2008

Só- Poesias e outros itens disse...

Maria Augusta, adorei ler sobre esse ritual, lindo post.
Ops: o visual do blog está d+++++,
bjs.

Ju gioli

Ví Leardi disse...

Maria Augusta....sempre trazendo temas taõ interessantes e inusitados...uma delícia...literalmente....e que beleza as favas ...me lembraram a sua linda coleção de perfumeiros...Parabéns muito aprendemos aqui...
grande beijo ...minha amiga....

Ví Leardi disse...

http://www.topiaryartdesigns.com/galleriesanimals.htm


Lembrei do teu jardim...bjs

Lunna Guedes disse...

Hummm, que delicia esse seu post, deu-me saudades de casa, no tempo de infância. Em Gênova a festa de Epifânia era mais (ainda é) tradicional que o natal. Pendurávamos bonecas de panos na porta e preparávamos doces com anilina preta para lembrar um carvão (era maravilhoso).
Grande lembrança. Beijos meus a você.

Luiz Santilli Jr disse...

Belo post Maria Augusta

Hoje (06/01) é aniversário do Marcelo, meu filho que fez 39!!
Parece mentira que já se foram 39 anos desde o dia em que cheguei no Colégio Oswaldo Cruz, onde a Marilena trabalhava e me perguntaram:
-"Que que você tá fazendo aqui, tua mulher já foi para a Maternidade Sâo Paulo?"
Ela foi à médica em seu fusquinha e a Dra. Edsel Galacci disse:
-"Já para maternidade que depois te sigo!"
Voei como um doido, Avenida Angélica acima e nem sei como encontrei a Maternidade!!
Ela estava lá, aguardando que eu chegasse para ir para a sala de parto, fazer uma cezariana, como já estava planejado!
E foi assim que vi a luzinha azul acender...
Chega...

Maria Augusta disse...

Aninha, certamente que comer as favas cultivadas por você mesma deve dar muita sorte e saude, e como você disse, com tua força e tua fé, você tera ambas sem precisar de rituais. Grande beijo.

Cris, que bom que você voltou de férias. Se você compra as galettes sempre no mesmo lugar e guarda as feves ja deve ter uma coleção, pois eles em geral fazem uma série que se repete todos os anos. Beijão.

Jugioli, obrigada, acho interessante escrever sobre os costumes que são diferentes dos nossos. Um grande beijo.

Anônimo disse...

linda história. mas ficou uma dúvida: aquelas galletes que são vendidas em padaria também têm fava?

Maria Augusta disse...

Vi, obrigada, gentil como sempre. Minha coleção de favas não é "séria", só penso nelas nesta época, a dos frascos de perfumes sim. Obrigada pelo link das topiárias, elas são maravilhosas, me lembrou o post do "Labirinto Vegetal", com o Jardim Efêmero de Nancy. Um beijão.

Lunna, então na Itália a Epifania também é diferente! A Meire do Pensieri e Parole falou sobre isto ontem, não sabia sobre a "bruxinha" que distribui presentes e doces. Grande beijo.

Santilli, vejo que até hoje você fica emocionado quando pensa no nascimento de seu filho. Dê meus parabéns a ele. Grande abraço.

Teresa, as galettes da padaria nesta época tem uma fava e uma coroa sim. Beijo.

Anônimo disse...

Guta, me fez recordar qdo passei as festas de final de ano em Madrid. La a tradiçao é uma rosca redonda em circulo, chamada rosca dos Reis e dentro vem um brinde, tipo anjinho, e quem tem a sorte de tira-lo tera' sorte durante o ano, e eu tive a felicidade de ser a sortuda..
Muito gostoso saber das tradiçoes de cada paìs.
bjs

Anônimo disse...

Hum....que delícia. Liniane

Anônimo disse...

Eu já tinha ouvido falar dessa Galette dos Reis, mas não conhecia a história "como agora eu conheço". valeu Guta estou aprendendo muito com vc. abçs

Maria Augusta disse...

Meire, então na Espanha a rosca é como no sul da França, com frutas cristalizadas e a fava. Beijo.

Liniane, delicia mesmo, nham, nham! Um beijo.

Betho, esta é uma tradição divertida e gostosa. Um abraço.

Anônimo disse...

Aqui, no Espírito Santo, temos uma bela manifestação folclórica da folia dos reis, que homenageia o menino e festeja a sua chegada.

Anônimo disse...

maria,

u-lá-lá! la galette!

Maria Augusta disse...

Lino, fico contente de sabê-lo, cada comentário traz a tradição de sua região, é muito legal! Abraço.

Gilrang, u-lá-lá et les fèves!
Abraço.

Anônimo disse...

Maria Augusta, aqui no Brasil - pelo menos aqui no Rio de Janeiro - pouco ou quase não se comemora como festa popular/familiar o dia 6de janeiro. No meu tempo de criança do interior era chamado Dia de Reis, e havia uma espécie de procissão com pessoas vestindo roupas coloridas.
Um abraço e boa semana.

Celia disse...

Muito interessante essa estoria do bolo e das favas. O bolinho pareceu muito gostoso. Bj

Anônimo disse...

Que delícia deve ser essa torta!
Parabéns pelo ângulo original de abordar o TEMA da postagem. Sempre muito criativa!

Abçs

Maria Augusta disse...

Adelino, estas tradições populares estão se perdendo, principalmente as coletivas, é uma pena. Um abraço.

Célia, obrigada pela visita. Um beijo.

Eduardo, acho sempre melhor colocar o contexto, fica mais interessante. Um abraço.

Luiz Ferreira disse...

seu blog é realmente agregador.
e 21 comentarios !!!! uh la la.
o meu anda meio moribundo neste aspecto.
Da uma passada la e deixa uma opiniao.
O seu esta na minha lista de indicados.
um bejo e bonne anée.

Laura_Diz disse...

Vc é chic e interessante.
gostei da historinha da fava. Eu não faço nada disto, este ano então... pensando em mudar, viajando.
Bjs Laura

Maria Augusta disse...

Luiz, obrigada pela visita, acho que o numero de comentarios não é importante, mas sim a qualidade deles, e nisto tenho muita sorte. Acho que visitando os blogs que te interessam e dando atenção a quem te visita, você podera aumentar as visitas ao teu blog. Um abraço.

Laura, obrigada pelos elogios, vou ficar vermelha (rs). Cada época tem suas prioridades, é assim mesmo, néao dar para fazer tudo ao mesmo tempo, né?
Grande beijo.

Karina disse...

Dá até pra imaginar a expectativa pra descobrir quem será o presenteado com a fava.
No interior, acho q a grande tradição são as folias de reis, que proporcionam um espetáculo belíssimo.

A fava lembrou-me uma brincadeira q fazíamos qdo nos reuníamos pra fazer pamonha em casa. Uma delas era feita com sabugos, tbém havia muita expectativa pra ver quem seria o(a) sorteado(a), mas apenas por travessura, nada de coroação. :D

Bjks carinhosas.

Maria Augusta disse...

Karina, tua história me lembrou uma que fazíamos quando adolescente nas festinhas, tinhas uns canapés enfeitados com pedacinhos de tomate, às vezes colocávamos pimenta no lugar do tomate e esperávamos para ver quem seria o(a) sortudo(a)...depois era só risada. Cada malvadeza!
Beijão.