quarta-feira, 4 de março de 2009

Rosas e Espinhos

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Pois é, estamos na "Semana da Mulher" e este ano ela está sendo eclipsada pela crise, que alcança indiscriminadamente a todos, homens e mulheres. No entanto, não dá para esquecer que existem problemas que são específicos a elas, e que alcançam proporções enormes em alguns paises, seja por razões culturais, econômicas, ou ambas. E um deles é a escolarização das meninas.

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Há 4 anos existe uma campanha aqui na França chamada "Rosa Marie Claire" para vender rosas durante a "Semana da Mulher" visando arrecadar fundos para a escolarização de meninas no mundo. Deve existir outros, mas falo deste programa por ser muito mediatizado, todas as jornalistas importantes do rádio e da televisão franceses estão envolvidas nele, o que ajudou a chamar a atenção para alguns dados e números assustadores :

  • oficialmente 200 milhões de meninas não tem acesso à educação no mundo
  • as mulheres constituem 64% das pessoas que não sabem ler nem escrever
  • mais de 40% das mulheres africanas não tem acesso à educação de base
  • no mundo, 2 milhões de meninas entre 5 e 15 anos são entregues à prostituição a cada ano.
  • 82 milhões de meninas entre 10 e 17 anos estarão casadas antes de completar 18 anos (em geral casamentos arranjados pelas famílias).
  • no Camboja, uma menina é vendida por menos de 20 dólares a um gigolô
  • nos paises possuindo legislações discriminatórias em relação às mulheres, as violências conjugais não são consideradas como crimes.

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Normalmente, acredita-se que uma pessoa escolarizada estará mais preparada para enfrentar e evitar estes problemas, assim como os assuntos ligados à higiene e à saúde (como a prevenção da AIDS). Indo à escola elas evitarão também os problemas de subnutrição, pois lá elas receberão um reforço alimentar. Além disto serão instruidas em relação ao controle da natalidade, e como a educação é "contagiosa", elas a transmitirão à família e a seus filhos mais tarde. Sem falar que terão uma chance de trabalhar e se emancipar, colaborando para o próprio desenvolvimento de seus paises.

Apesar de tudo isto, muitas famílias hesitam em enviar suas meninas às escolas beneficiadas pelo programa "Rosa Marie Claire" ou outras. O motivo alegado é que são braços a menos para trabalhar durante o período que estão estudando, logo para cada enviar as meninas à escola, o programa tem que pagar uma compensação financeira às famílias...

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Sempre compro a rosa Marie Claire esperando que isso possa contribuir no sentido de ajudar estas meninas ...mas não posso deixar de me interrogar se não estamos tendo uma visão muito "ocidental" da situação. Imagino que se a mentalidade e as leis destes paises não mudarem, se para elas não vai ainda mais difícil descobrir na escola que a liberdade existe e não poder exercê-la na prática.

As fotos são de escolas beneficiadas pelos programas da campanha "Rosa Marie Claire" (site aqui) no Benin e no Camboja.

17 comentários:

Alexandre Kovacs disse...

Postagem muito oportuna e bem desenvolvida, começando pelo título que tem tudo a ver com a organização "rosa Marie Claire" e os problemas do terceiro mundo, o tema da semana da mulher, as fotos maravilhosas, o nível de informações detalhado e o seu texto alinhavando todo o pacote. Parabéns.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Maria Augusta, que post tao informativo nessa semana da mulher.

Infelizmente essas coisas existem e ficamos estarrecidas como podemos viver em mundo tao diferentes.

Penso que você está fazendo a sua parte e desejando com esse seu ato que alguma dessas meninas possa realmente aprender. Se isso lhe abrirá os olhos para uma possível liberdade ou um outro estilo de vida, talvez vc nao venha a saber, mas com certeza seu ato serviu para fazê-la sonhar, seu ato serviu para tirá-la algumas horas do trabalho árduo que ela têm todos os dias.

Um beijo carinhoso em você.

Anônimo disse...

Maria Augusta, esta tua preocupaçao final que voce citou aqui tambem é a minha...descobrir um mundo proibido...
Bjs

Meire

Aninha Pontes disse...

Oportuna sua preocupação.
É como mostrar algo que não se pode conquistar.
Mas ainda assim, creio que deixa-las na escuridão da ignorância e do analfabetismo seria mais doloroso, mais sofrível.
Com conhecimento, se torna mais fácildriblar os problemas, e querer caminhar para frente.
Parabéns pelo post Maria Augusta, como sempre, perfeito.
Um beijo

Anônimo disse...

Maria Augusta. Você se pergunta, no fechamento do texto, se toda a aprendizagem das meninas nas escolas não será inútil , porque não poderá ser posta em prática. Penso que, depois de ser colocada em contato com as possibilidades de crescer, a menina abrirá os olhos e, já mais conscientizada, se sentirá mais forte para lutar pelas desigualdades e injustiças da vida, fora do ambiente escolar.
Texto sempre fluido e cheio de pontos de interesse.
Beijo enorme!
Dora

Anônimo disse...

O pensamento de que essas meninas possam descobrir a liberdade e lutar por ela, é também o pensamento de alguns governos que não mudam suas leis e preferem subjulgar a mulher a um papel inferior na sociedade - o pensamento machista de que a mulher precisa ficar em casa ou mesmo sendo escrava. De tudo que postou, o que mais me chocou foi a venda das meninas para gigolos. Beijus

Anônimo disse...

Já tinha ouvido falar desse projeto e acho que sempre existe algo que possamos fazer e ainda bem que podemos fazer algo realmente.
Eu ando um tanto rude com as coisas que ocorrem no mundo, então nada me choca mais, mas é uma fase. O ser humano age de forma deprimente. Tudo bem que para cada ação errada deve existir uma certa como as tão bem descritas por ti nesse post. Mas é indigesto perceber que uma palavra que deveria ter um sentido interessante, a ponto de representar a evolução, o crescimento e a dignidade seja apenas isso: humano. Não parece vago demais?
Aqui no Brasil as meninas também são vendidas no nordeste para homens mais velhos e algumas viram escravas desses seres repulsivos que tem coragem de comprar uma pessoa...
Enfim, seguimos remando contra a maré quando o assunto é humanidade...
Abraços meus e parabéns pela excelência de seu post...

Maria Augusta disse...

Kovacs, que bom que você gostou.
Um abraço.

Georgia, certamente a educação fará com que elas descortinem outras possibilidades na vida e talvez possam também influenciar seus filhos para que mudem de mentalidade.
Um beijão.

Meire, temos a ilusão que tudo está ao alcance de todos, que nada é proibido basta batalhar, mas na realidade não é assim em todos os lugares...
Beijos.

Aninha, além disto com as conhecimentos que elas obtem na escola poderão agir mais no sentido de evitar a AIDS e outras doenças que tomaram conta de alguns paises.
Um grande beijo.

Dora, esperemos que esta conscientização traga seus frutos, a geração atual terá que lutar muito, mas para as futuras talvez seja mais fácil.
Um beijão.

Luma, é verdade, não podemos esquecer que esta mentalidade que considera as mulheres inferiores perdura em muitos paises "ocidentais" também, imagine que mesmo aqui na França só em 1970 a mulher casada teve direito de trabalhar sem ter que pedir uma autorização escrita ao marido.
Beijos.

Lunna, estou estarrecida com que você está me contando, pensei que este tipo de trafico não existisse no Brasil. Mas como os pais podem vender suas filhas, isto é acima de qualquer compreensão...
Um grande beijo.

Celia disse...

Muito bom sua postagem na semana da Mulher. Infelizmente existem um grande numero de mulheres criancas/adultas, querendo ir a escola, aprender a ler e escrever, mas a igorancia dos pais impossibilita delas realizarem esse sonho, pois eles querem ter uma pessoa mais pra trabalhar e trazer o dinheiro pra casa. Bj

Anônimo disse...

Oi Maria Augusta!
Bjs

sonia a. mascaro disse...

Ótima a sua postagem, Maria Augusta. Eu não conhecia a campanha Rosa Marie Claire e não tinha idéia que ainda nos dias de hoje, as mulheres constituem 64% das pessoas que não sabem ler nem escrever. E os outros dados que você nos fornece são impressionantes.
Parabéns por suas postagens sempre importantes!
Bjs.

Anônimo disse...

Maria Augusta,
Obrigada por me visitar. Como podes perceber, continuo tentando desenvolver um blog. Rsrsrsrsr.
Gostei do teu post de hoje !
Dê uma passada na Vivenda quando puderes: postei fotos da tua São Paulo querida.
Abs.
Liniane

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Passando para um abraco.

Bom dia!!!

Maria Augusta disse...

Célia, é verdade, muitas vezes os pais só vêem o problema imediato, e não pensam no futuro das crianças.
Um beijo.

Sônia, estes numeros são oficiais, na verdade estima-se que esta precariedade na educação das mulheres é muito maior, se for levado em conta os casos não declarados.
Beijos.

Liniane, é tão raro te ver na blogosfera, fico contente quando passa por aqui e quando posta. Adorei tua "gauchada em Sampa", tuas fotos da Pinacoteca estão lindas.
Um beijão.

Meire, Georgia, obrigada pelo "coucou" e um grande beijo para vocês também.

Anônimo disse...

:)
Grazie....

Jorge Pinheiro disse...

Acho que essa visão não é ocidental. É de direitos humanos elementares. E no próprio ocidente ainda há muito a fazer. Bela postagem.

Maria Augusta disse...

Meire, je t'en prie.
Bises.

Jorge, pois é, em alguns lugares quando se lê na "Declaração dos Direitos Humanos" Todos os homens nascem livres e iguais", eles consideram que "homens" se refere somente ao sexo masculino...
Abraços.