segunda-feira, 9 de março de 2009

Escalando a Pirâmide...


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A pirâmide sempre foi um símbolo magico, como esta do Louvre, plantada num dos pontos mais prestigiosos do planeta, a cidade Luz. Mas a pirâmide, devido à sua forma, também é um símbolo forte de estratificação e hierarquização, e tem sido usada há séculos para representar as questões sociais, como por exemplo suas camadas, onde na base estariam os mais desfavorecidos em geral mais numerosos e no alto, os mais abastados e/ou poderosos.

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Pirâmide representando a sociedade na Idade Média, tendo na base, o povo e os artesões, na segunda camada os guerreiros, na terceira a nobreza e no topo o rei

Uma outra questão social na qual esta pirâmide foi adotada foi a hierarquização das necessidades humanas. Abraham Maslow propôs dividi-las em 5 níveis : no primeiro, ele colocou as necessidades fisiológicas (comida, um teto para dormir, etc); no segundo a necessidades de segurança (saber que seus direitos à saude, a um emprego, a seus valores serão respeitados); no terceiro nível ele classificou as relações com o próximo (o amor, as relações com a família, a aceitação social); no quarto nível ele colocou a auto-estima (obtido graças à auto-confiança, ao respeito dos outros); e no topo da pirâmide a auto-realização (que pode ser no domínio pessoal, social, artístico, no qual a pessoa possa se expressar plenamente). Naturalmente a meta de todos é atingir o topo, mas ele afirma que para aceder a cada nível da pirâmide é necessário "escalar" o inferior.

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E é aí que entraria a inclusão social, ela forneceria esta "energia de ativação" que permitiria ao indivíduo de "subir na vida". Ela deve ser dada pela sociedade às pessoas que estão à margem desta por dificuldades alheias à sua vontade, mas como e o quê? Na minha opinião, depende do nível no qual a pessoa se encontra. Normalmente nos paises "ricos" o primeiro e o segundo níveis são satisfeitos pelo sistema para a maior parte da população (vejo o post da Georgia sobre a exclusão social na Europa), enquanto nos mais pobres as necessidades da população se encontram principalmente nestas duas camadas. Já no terceiro nível, onde a inclusão passa pela aceitação da sociedade, o problemas encontrados passam pelo preconceito racial, religioso, em relação à deficiência física, ou outro. Pois cada pessoa tem necessidade de pertencer a um grupo, e a rejeição pode criar um mal estar que provoca desilusão e revolta (muitas comunidades acreditam que mesmo se fizerem estudos não terão acesso a um emprego) expressas muitas vezes de forma violenta, como as queimas de carros nos subúrbios das cidades européias, por exemplo. Neste caso, a inclusão social passa pelo combate aos preconceitos, sendo que uma das ferramentas é a discriminação positiva (não acho que seja uma boa solução). Subindo ainda na pirâmide o indivíduo precisa de auto-estima e do respeito de seu próximo para se sentir feliz. Mas acredito que isto, assim como a auto-realização já são principalmente de âmbito pessoal, não creio que seja uma questão de inclusão social..

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Todo país competente tem obrigação de utilizar suas receitas arrecadadas com os impostos para permitir a cada um de seus cidadãos de escalar a pirâmide, não importa o nível de necessidades que ele apresenta. E poder perguntar a cada um como na canção :


Você tem sede de que?
Você tem fome de que?


E dar uma resposta à altura!



Este post faz parte da blogagem coletiva sobre a "Inclusão Social" proposta pela Ester do blog Esterança :

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17 comentários:

Anônimo disse...

Excelente abordagem do tema! Como de hábito, uma postagem que se aprofunda, e ilustra os temas propostos!
Bravo, mais uma vez, Maria Augusta!

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Maria Augusta, boa tarde!!!

Dormi mais longo hoje, fiquei toda atrapalhada com as minhas tarefas, pois perdi completamente o ritmo dos meus horários hoje, rs.

Que post excelente e tao bem explicadinho. Mas, é isso mesmo, a realidade dói e mesmo que uma minoria pobre consiga chegar ao topo, ela precisa da auto-estima. Sem ela a pessoa despenca porque é um nível onde vc consegue com muita garra e vai deixando o melhor de vc pelo caminho. Como vc mesmo escreveu: será que vale?

Nós temos muita fome de justica. Veja o que acontece na Franca quando a classe mais pobre se vê injusticada pelo governo? Tocam fogo em tudo que acham pela frente. É a maneira que eles têm de se fazer ouvir que suas dores estao enormes.

Um belo post, parabéns, nos levando à reflexao...

Um beijo grande e amanha entra o post sobr o nosso passeio;)

Jorge Pinheiro disse...

Sem dúvida a abolição dos preconceitos. E não é nada fácil... Muito bem abordado!

Anônimo disse...

Uma abordagem do tema muito bem conseguida! E logo utilizando pirâmides...
O difícil é mesmo ultrapassar os preconceitos. Qualquer atitude discriminatória, mesmo que "positiva", falseia os dados e as expectativas a que todos temos direito.
Muito interessante a reflexão!
Boa semana!Beijos!

Ví Leardi disse...

Sensacional...!

Anônimo disse...

Oi Maria Augusta, boa noite...
Confesso que quando comecei a ler me empolguei ao pensar no Egito e tudo mais (algo que me seduz de forma impactante) mas então me deparei com o as teorias piramidais. Ai, confesso que eu não sou fã delas, mesmo em se tratando das teorias de Maslow.
Acho que a pirâmide tem uma amplitude no qual essas teorias não se encaixam, mas é claro que isso é um pensamento meu.
Se bem que de alguma forma a pirâmide em si representa evolução, tem uma conjunção interessante que nos põe em contato com o infinito, já que nos remete ao universo e nesse sentido poderemos concluir que o caminho do céu nos é proposto até mesmo nas pirâmides (hummmm). Melhor ninguém pensar nisso também senão logo logo inventam uma outra religião, piramidal (rs). E pior vão inventar impostos e arrecadações em sacolinhas. Afff.
Adorei seu post, viajei, como você mesma deve ter percebido...
Beijos daqui

Maria Augusta disse...

Eduardo, dizem que a pirâmide de Maslow não está mais na moda, mas achei que daria uma boa base para abordar este tema.
Abraços.

Georgia, aqui na França tem muita ajuda social, o problemas destes jovens revoltados vem principalmente da não aceitação deles, depois de 3 gerações aqui ainda são tratados como estrangeiros...por outro lado eles mantem os costumes e tradições dos ancestrais, é uma situação complicada.
Beijos.

Jorge, a abolição dos preconceitos é muito difícil mesmo, sempre se encontra uma razão seja a cor da pele, seja a religião, ou a condição financeira, tudo é pretexto para tentar diminuir o outro, muitas vezes para disfarçar as próprias fraquezas...
Abração.

Marialynce, também acho que a discriminação positiva falseia a realidade, pois a pessoa que se "beneficia" dela terá seu mérito mascarado, vai ser considerada como privilegiada pelo sistema de cotas.
Um beijão.

Vi, obrigada pela visita e um bom dia para você.
Um grande beijo.

Lunna, desolée, não eram os poderes mágicos das pirâmides mas a forma dela usada para os fenômenos sociais (rs)...mas em todos os casos ela representa uma ascensão, a que todos aspiramos.
Um beijão.

Anônimo disse...

Maria Augusta...voce foi muito feliz ao exemplificar a inclusao social a uma piramide...Seria tao bom se nossos governantes soubessem usar o dinheiro q arrecadam..que nos apgamos...mas quem sabe um dia isso possa acontecer..

Bjs

jugioli disse...

Maria Augusta, uma participação muito elucidativa. Poucos conhecem a pirâmide de Maslow, muito bem explorada por ele, quando salienta: as necessidades básicas e iniciais são base de apoio para as seguintes, quando bem estruturadas mantêm a pirâmide em equilíbrio. Um ser humano sem as necessidade básicas supridas com qualidade, apresenta dificuldades em sequir na escala.

Parabéns pela postagem.

JU

sonia a. mascaro disse...

Ótima a sua participação, Maria Augusta! Sua postagem me remeteu à "pirâmide" de divisão social na Índia, de mais de 2 mil castas e 20 mil subcastas, que se dividem em quatro classes. Uma sociedade hierarquizada, que atualmente está sendo mostrada (talvez com um certo exagero novelístico) pela novela da Globo, Caminho das Índias. Acho que você iria gostar (se é que já não leu) do livro que estou lendo, de V.S.Naipaul, "Índia, um milhão de motins agora".

Gosto muito de Marisa Monte e não conhecia essa música Comida.

Bjs.

Celia disse...

Que post maravilhoso minha amiga. Muito bem explicado. Bj

João Menéres disse...

Uma participação excelente, MARIA AUGUSTA.
O que poderia eventualmente dizer, já foi superiormente escrito por todos quantos se me antecederam.
A MARIA AUGUSTA faz sempre abordagens pegando facetas muito interessantes e que revelam toda a bagagem cultural que possui.

Um beijo.

byTONHO disse...

Parabéns Maria Augusta
EXELENT!

Anônimo disse...

Sonia, na Índia deve ser ainda mais difícil porque eles acreditam que isto é "uma ordem divina". Não li este livro sobre ela, li há muitos anos atrás "Esta noite a Liberdade", que falava de Ghandi, dos acontecimentos que levaram à independência da Índia e à guerra fratricida com o Paquistão que se seguiu.
Um beijão.

Célia, pois é, é mais fácil explicar que ajudar a promover a inclusão social, para isto dependemos tanto de leis e da boa vontade de cada um.
Beijos.

João, obrigada pelas gentis palavras, este assunto é espinhoso. Um abração.

Tonho, obrigada pela visita.
Um grande abraço.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Bom dia querida!!!

Beijos

Anônimo disse...

Se a nossa vida é dividida por fases, construimos a nossa historia de vida, vencendo etapas. E concordo inteiramente com as afirmações de Abraham Maslow. Boa semana! Beijus

Aninha Pontes disse...

Maria Augusta, talvez por isso, nos países ricos, onde o indivíduo não precise se esforçar por subir os dois primeiros degraus da pirâmide, tenha mais dificuldade em vencer os preconceitos, e atingir com maestria o degrau máximo.
Para se chegar ao topo como vencedor, há sim de conquistar todos os degraus da pirâmide.
Sempre gostei das afirmações e propostas de Maslow, sobre as necessidades humanas.
Um beijo