segunda-feira, 7 de maio de 2007

Cristais contra o Aquecimento da Terra


© Institut Lavoisier (Photo available from the CNRS photo library)

No Dia Mundial da Terra assumi um compromisso com o Movimento "Faça a Sua Parte" em relação a uma ação individual colaborando no combate ao problema climático que enfrenta nosso planeta. Nesta ocasião, prometi divulgar projetos encontrados na imprensa científica internacional relativos a este assunto. Este post é minha primeira colaboração neste sentido.


As emissões de dióxido de carbono constituem a principal causa do aquecimento global. Até agora, os métodos existentes para a captura do CO2 eram caros e pouco eficazes. No entanto, recentemente, pesquisadores conseguiram desenvolver um material capaz de adsorver o CO2 com alta eficiência e transformá-lo em uma espécie química inócua para o meio ambiente.


Graças à nanotecnologia, que é o estudo dos materiais em uma escala extremamente pequena (nanômetro = milionésimo do milímetro), próxima da escala dos próprios átomos, partindo de matérias primas baratas, pesquisadores desenvolveram os cristais "que respiram" ou esponjas cristalinas. Isto significa que estes cristais, compostos de átomos metálicos e moléculas orgânicas (origem da sigla MOF Metal-Organic Framework), quando mergulhados em um solvente como a água, por exemplo, podem se dilatar e alcançar um tamanho até 300% superior ao original, e voltar à dimensão inicial sem perder suas propriedades. Devido ao tamanho microscópico de seus poros, eles apresentam uma enorme capacidade de adsorção, podendo capturar gases ou líquidos com grande eficiência, entre eles o CO2. Como estes álveolos podem funcionar também como minúsculos reatores, o CO2 capturado pode então sofrer um tratamento, sendo assim transformado em uma espécie inofensiva para o meio ambiente, e em seguida ser extraído do cristal.


E o gas carbônico não é a única espécie que pode ser capturada por estes cristais. O hidrogênio utilizado nas pilhas de combustível, uma das opções estudadas como fonte de energia renovável, também pode ser adsorvido por estas estruturas. Neste caso, os alvéolos funcionariam como minúsculos reservatórios deste elemento.


Os estudos sobre estas esponjas cristalinas são realizados por pesquisadores dos Estados Unidos e também aqui da França, onde um filtro de gas carbônico está sendo desenvolvido pela equipe do Institut Lavoisier. Diante do interesse estratégico deste material para o desenvolvimento sustentável, espero que o domínio desta tecnologia não se restrinja a alguns poucos países, mas se dissemine amplamente, pois o aquecimento do planeta é um problema global.

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9 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns por estar fazendo sua parte, e ótima informação, deste post.Abçs

Unknown disse...

Muito interessante, Maria Augusta. Isso de Nanotecnologia está em tudo ultimamente, pelo menos a mim me parece. Que bom!

valter ferraz disse...

Maria Augusta, passei bastante aqui pelo teu Jardin Ephemere, gostei de tudo aqui, aproveitei e peguei meu raminho de muguet, vou guardá-lo com carinho.
Obrigado pela visita e comentário no PerplexoInside.
Um grande abraço para você

Anônimo disse...

Que boa notícia! Tomara que os países tenham acesso a essa tecnologia, e que não se restrinja a apenas uns poucos.
beijo, menina

Cris disse...

Oi!

Qual sua profissao, hein???? =)

Bom, adorei o post, é algo que eu nunca ouvi falar, apesar desses anos todos em quimica! =/

Beijao

Cris

Allan Robert P. J. disse...

É sempre bom ver que não estamos sozinhos e que a preocupação pela preservação pode mudar o rumo das coisas. Vamos em frente.

Lunna Guedes disse...

O Planeta representa nossas identificações. O homem achou que poderia ignorar tudo e a todos. Porque somos "evoluídos". Sempre questionei essa evolução.
Os animais matam quando sentem fome e matam sempre os mais velhos porque se lembram que existe o amanhã.
Não destroem matas para obter lucros e respeitam o tempo de existir da vida nativa. Não erguem torres de pedra e concreto e sabem fundamentalmente que é preciso entender os caminhos por onde passam.
Cadeia evolutiva? Quem evoluiu mesmo?

Luma Rosa disse...

Nossa! Que grande avanço! Esses materiais porosos têm ajudado muito as indústrias também, mas não sabia dessa novidade. Tem um outro material, a zeolita ou alto parecido com esse nome (rs*) que se prestava a preenchimento de buracos, crateras, coisas assim.
Estou sem tempo para pesquisar, mas por esses dias, ouvi não sei onde, sobre camada de ozônio artificial. Seria uma boa também! Beijus

Anônimo disse...

Obrigada a todos vocês pela visita, legal ver o interesse despertado por esta problemática tão importante que é o aquecimento do planeta. Respondendo à pergunta da Cris, sou engenheira química com doutorado em materiais. No entanto, a idéia deste post partiu de um artigo do "Le Point" (última referência da lista de artigos consultados), estes estudos são recentes, as referências são posteriores a 2004. Luma, realmente devem existir várias pistas em estudo para reparar os estragos que já fizemos na natureza, acho que pesquisando e divulgando tentamos fazer a nossa parte.